As estradas nacionais e regionais do distrito de Évora são as de maior risco, no Alentejo e Algarve, para acidentes rodoviários por colisão com javalis, indicam resultados preliminares de um estudo universitário pioneiro no país.
A investigação foi desenvolvida na Universidade de Évora e consistiu numa tese de mestrado em Biologia da Conservação, discutida este mês na academia alentejana e da autoria de Estrela Matilde, orientada pelos docentes Sara Santos e António Mira.
Este estudo “é completamente pioneiro” em Portugal, afiançou à Agência Lusa a investigadora, explicando que existem outros sobre atropelamentos de animais, mas centrados em espécies mais pequenas, em que os atropelamentos parecem contribuir para o declínio das suas populações. No caso dos javalis, continuou, as consequências “passam mais pela segurança dos condutores”, porque as populações desta espécie “estão a crescer muito”, sobretudo no Alentejo, onde têm “muito habitat por explorar e alimento”.
No estudo, foram desenvolvidos modelos que permitem prever os locais, no Alentejo e Algarve, onde o risco de acidentes rodoviários com javalis é potencialmente mais elevado.
A investigação baseou-se em 221 registos de acidentes rodoviários com javalis nos últimos 12 anos, fornecidos pelos destacamentos de Trânsito da GNR.
O objectivo, disse a investigadora, é contribuir para implementar medidas cautelares que previnam a ocorrência de colisões, de forma a melhorar a segurança rodoviária e a sobrevivência das populações de javali.
Como exemplo, Estrela Matilde indicou que, nos troços com mais atropelamentos, podem ser colocadas vedações mais fortes e enterradas ou sinais de aviso para os automobilistas e criados corredores para direccionar os animais para locais de passagem seguros, como pontes, viadutos ou estruturas específicas para passagem de fauna de grandes dimensões.
Os resultados do estudo, porém, são preliminares. A investigadora vai, agora, “validar aprofundadamente este modelo”, voltando a analisar os dados de Évora e Portalegre, “onde há mais registos de acidentes”.
Já em Beja, Setúbal e Faro, disse, “o número de registos é insuficiente para modelar de forma adequada o risco de acidente”.
