“Ser bispo é um serviço, não uma forma de poder”

“Ser bispo é um serviço

D. António Vitalino Dantas cumpriu 75 anos esta quinta-feira, 3 de Novembro, e passou a bispo emérito de Beja. Em entrevista ao “CA” faz o balanço dos quase 18 anos que passou na liderança da segunda maior diocese do país.

Como encara a “mudança” para bispo emérito de Beja?
Quando em Janeiro de 2013 decidi pedir um bispo-coadjutor e não um auxiliar, que apenas me foi concedido a 10 de Outubro de 2014, sabia que em qualquer momento ele me iria suceder e por isso deixei de ficar preocupado com a minha sucessão. Agora sinto um grande alívio em deixar a responsabilidade como bispo de Beja, pois o ministério episcopal é um serviço e não uma forma de poder. Mas estarei sempre disponível para colaborar, quando me for pedido e a saúde o permitir.

Que balanço faz do seu episcopado de quase 18 anos na Diocese de Beja?
Sinto que me entreguei a esta Diocese e a este povo com todas as minhas forças, mas nem sempre consegui realizar os meus sonhos e projectos, pois um bispo tem de caminhar com o seu povo e os seus colaboradores, sobretudo o clero e os consagrados, consultando sempre os órgãos colegiais e submetendo-os ao seu conselho e aprovação. Desde o dia 10 de Abril de 1999 comecei a escrever informaticamente o meu diário, nem sempre detalhadamente, pois os múltiplos afazeres não o permitiam. Quando for emérito e tiver disponibilidade, completarei a informação, não para publicar, mas para incluir no arquivo da Diocese, para memória futura.
 
E lá estarão os problemas com que se debateu… Qual foi a maior dificuldade que sentiu nestes anos?
Desde a primeira hora percebi que a evangelização é uma missão contínua, tendo em conta todo o trabalho apostólico realizado pelo meu antecessor, D. Manuel Falcão, a quem convidei para continuar a residir na casa episcopal e que durante 13 anos me acompanhou. Concretamente, tentei dotar a Diocese com todos os órgãos previstos segundo as orientações do Concílio Vaticano II, dotando-os dos respectivos estatutos. Um dos órgãos novos na diocese é o Colégio de Consultores, com poderes deliberativos quando se trata da administração extraordinária. Tentamos desenvolver a missão apostólica com a “prata da casa”, como por exemplo, lançando um projecto de missão a partir dos colaboradores da Diocese. Outro dos projetos porque me debati foi a reorganização da comunicação e a informatização dos serviços e paróquias. Tratando-se de uma diocese extensa, mas com poucos membros activos, sobretudo nas paróquias, lancei um programa informático de administração diocesana e paroquial, dotando a cúria dos equipamentos necessários, alguns adquiridos por mim antes de vir para a diocese, iniciando alguns colaboradores no seu uso. Nesta área, de evolução e mudanças rápidas, procurei estar actualizado, a ponto de muitos me consultarem quando se tratava de enveredar pelos meios digitais.

Que vai agora fazer? Continuará por Beja ou tem outros projectos em mente?
Vou regressar a uma comunidade da Ordem do Carmo, de onde saí há 20 anos para servir a Igreja como bispo. Mas estarei sempre disponível para servir a Igreja onde for preciso e a saúde o permitir.

Leia a entrevista de D. António Vitalino Dantas na íntegra, na edição do “CA” desta sexta-feira, 4 de Novembro, já nas bancas.

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Correio Alentejo

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