A ampliação do Centro de Estudos Geológicos e Mineiros do Alentejo (CEGMA), na vila de Aljustrel, é “um investimento público que pode ajudar a criar riqueza”, defendeu esta segunda-feira, 6, a secretária de Estado da Energia, Maria João Pereira.
“Aqui está um exemplo de um investimento público que pode ajudar a criar riqueza para região e para o país, acrescentando valor aos nossos recursos geológicos e ajudando a atrair novos investimentos”, frisou a governante durante a sua intervenção na cerimónia de inauguração do projeto CEGMA 2.0, em Aljustrel.
A empreitada do projeto CEGMA 2.0, promovida pelo Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) e inaugurada na segunda-feira, 6, ao final da manhã, representou um investimento de 1,4 milhões de euros.
A obra foi financiada em 85% por fundos comunitários, através dos programas operacionais Alentejo 2020 e Portugal 2020 e do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).
O seu objetivo foi dotar o campus do LNEG em Aljustrel “de meios avançados de investigação, facilitando o desenvolvimento de novos projetos em geologia e prospeção mineral”, assim como contribuir “para o desenvolvimento sustentável da região do Alentejo e da Faixa Piritosa Ibérica”.
Na opinião da secretária de Estado da Energia, o projeto “visa apoiar a atividade extrativa, em particular no sul do país e não só, e promover a investigação científica aplicada a recursos geológicos”.
“Esta ampliação permite aumentar a capacidade dos arquivos de amostras minerais e mapas, mas também a capacidade analítica e de processamento de rochas e minerais”, o que facilita “o desenvolvimento de novos projetos em geologia e prospeção mineral”, disse.
Maria João Pereira defendeu ainda ser necessário que o campus do LNEG em Aljustrel seja “um polo de desenvolvimento e cooperação com o sistema de ensino superior e científico”.
“Se queremos desenvolver cadeias de valor e internalizar esse valor gerado, precisamos de ter um sistema de ensino desenvolvido, com capacidade de gerar recursos humanos altamente qualificados e capacidade de inovar com base num sistema científico forte”, justificou.
O projeto CEGMA 2.0 permitiu ao LNEG ampliar o edifício de apoio e a litoteca de Aljustrel, assim como “a integração de energias renováveis” no espaço, “visando uma melhor eficiência energética das instalações”.
O investimento possibilitou ainda equipar o espaço “de meios analíticos e de processamento de rochas e minerais, favorecendo a aplicação de técnicas de datação de rochas, de estudos de geoquímica, de petrografia e de cartografia geológica, geoquímica e geofísica”.
Com as obras foi também possível “ampliar a capacidade de arquivo do LNEG e melhorar a preservação e acesso ao seu espólio científico, que inclui, atualmente, mais de 500 sondagens de prospeção, cerca de 600.000 amostras de solos, sedimentos de corrente, rochas e minérios e mais de 18.000 mapas temáticos”.
Este investimento “é um marco importante em matéria de desenvolvimento científico, económico e tecnológico para esta região do Alentejo, mas também para Portugal”, afirmou a presidente do conselho diretivo do LNEG, Teresa Ponce de Leão, na cerimónia de inauguração.
A responsável acrescentou que, desde a sua abertura, em 2018, o ‘campus’ do LNEG em Aljustrel tem tido “um papel crucial na promoção e desenvolvimento do conhecimento e na gestão sustentável dos recursos minerais da Faixa Piritosa Ibérica”.
Teresa Ponce de Leão disse ainda que o CEGMA “pretende ser um pilar estratégico na transição energética, contribuindo para a exploração responsável e sustentável dos recursos minerais críticos e estratégicos”.
Já o presidente da Câmara de Aljustrel, Carlos Teles, afirmou o projeto do LNEG neste concelho é o tipo de investimento público “que Portugal precisa”.
“Investir em ciência é investir no futuro do país, por isso Aljustrel reconhece a importância do CEGMA 2.0”, sublinhou o autarca socialista, afiançando que o município quer que a sua relação de parceria com o LNEG “seja de futuro”.
Carlos Teles disse ainda que a Câmara de Aljustrel “tem procurado contribuir para distanciar temporalmente o inevitável próximo ciclo de suspensão da atividade mineira”, onde “o Estado e o operador da mina têm, também, responsabilidades”.
“Aljustrel não é só mina e, da nossa parte, tudo temos feito para preparar o concelho para novos ciclos. Por isso, apostámos na diversificação da base económica. Na agricultura e na agroindústria, na economia social e no turismo”, afirmou, apontando o “enorme potencial para o turismo industrial, com infraestruturas mineiras preservadas, permitindo dar a conhecer os diferentes métodos de exploração no passado”.
A par disso, continuou, “temos riqueza e complexidade geológica, com uma boa exposição dos minerais, o que permite ao visitante conhecer este património”.
Ainda assim, “queremos continuar a conhecer e explorar os nossos recursos geológicos e desejamos a mina a operar sustentavelmente durante muitos anos”, continuou Carlos Teles, que quer que Aljustrel seja “um exemplo de conjugação da atividade extrativa, com a salvaguarda das comunidades onde o recurso geológico ocorre”.
Para tal, o edil disse ser necessária “comunicação” entre a comunidade e as empresas mineiras, “no sentido de encontrar caminhos que resolvam os problemas” decorrentes da operação.
“Em Aljustrel queremos aprofundar este caminho de diálogo. Até porque não há outro! E sabemos que, num futuro muito próximo, será possível alcançar plenamente esta dimensão de sustentabilidade na atividade mineira”, frisou, para logo concluir: “Aljustrel e as suas minas são indissociáveis: no passado, no presente e no futuro. E assim queremos que continue a ser!”