O presidente da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (CIMBAL), António José Brito, reconhece “alguma inquietação” sobre a modernização, requalificação e eletrificação da linha ferroviária Casa Branca-Beja, considerando que o projeto “não pode continuar a ser sucessivamente adiado”.
“Não podemos deixar de assumir alguma inquietação com um horizonte de execução [do projeto] que vai até 2032”, diz o também autarca de Castro Verde ao “CA”, na sequência da reunião, realizada na terça-feira, 2, em Évora, entre a comissão diretiva do programa operacional regional Alentejo 2030, a empresa Infraestruturas de Portugal (IP) e a CIMBAL.
O encontro teve como objetivo esclarecer o “enquadramento financeiro” e o “estado de maturidade” do projeto de modernização, requalificação e eletrificação da Linha do Alentejo, no troço Casa Branca-Beja. Na ocasião, os responsáveis pelo Alentejo 2030 confirmaram a revisão da dotação financeira do projeto, que passou de cerca de 80 milhões de euros para 20 milhões.
A dotação revista, “agora fixada em 20 milhões de euros, continuará a apoiar intervenções que adquiram a necessária maturidade, com prioridade atribuída ao primeiro troço, numa extensão de 25,6 km”, acrescentou a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Alentejo, em comunicado.
Segundo o presidente da CIMBAL, durante a reunião os representantes da IP confirmaram que o concurso da obra vai ser “integralmente lançado”, no início de 2026, “com três lotes de obra para executar até 2032”.
O primeiro será entre Casa Branca e Vila Nova da Baronia, o segundo entre esta localidade e Cuba e o terceiro a partir de Cuba até Beja, adianta António José Brito, considerando que esta é “a parte positiva” do processo, “porque assegura formalmente um caminho concreto”.
“Mas não podemos deixar de assumir alguma inquietação com um horizonte de execução que vai até 2032”, continua o eleito socialista, reconhecendo que “serão seis anos longos e exigentes, para mais com dúvidas fundadas sobre o respetivo financiamento”.
Nesse âmbito, o presidente da CIMBAL frisa que o Ministério das Infraestruturas “terá de clarificar” estas questões, “nomeadamente a parte relevante que agora perdeu dotação” do Alentejo 2030.
“Há aqui 60 milhões que não podem ser tirados a este investimento no Baixo Alentejo e, francamente, nesta questão concreta, que é muito importante, não ficámos muito sossegados, pelo contrário”, acrescentou.
Ainda assim, o autarca diz acreditar que o Alentejo 2030 possa vir a ter “espaço para contribuir nesse sentido, sem penalizar outras áreas na região”.
António José Brito frisa ainda que o projeto de modernização, requalificação e eletrificação da linha ferroviária entre Casa Branca e Beja “é muito fundamental para a região”, mas “está muito atrasado e não pode continuar a ser sucessivamente adiado e marcado por incertezas”.
A par disso, continua, “há outra questão essencial para a região, que é a ligação ferroviária ao aeroporto de Beja que, pelo que nos foi transmitido pela IP, está praticamente no ponto zero, o que é obviamente mau”.
“Em suma, o Baixo Alentejo continua a contar pouco para quem tem a responsabilidade de nos governar. E isto, para os municípios e para os baixo-alentejanos, é completamente inaceitável e preocupante”, conclui o presidente da CIMBAL.









