Em entrevista ao “CA”, Pedro Xavier faz um balanço dos oito anos passados na liderança da Associação de Futebol de Beja e assume que a sua eleição para a direção da Federação Portuguesa de Futebol é um “reconhecimento do trabalho desenvolvido”.
Acaba de ser eleito para a direção da Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Que expectativas leva?
Uma vontade enorme em contribuir para a melhoria e desenvolvimento do futebol, futsal e futebol de praia, desde a base até ao topo. Desde o momento que decidi aceitar pertencer aos órgãos diretivos da FPF, fá-lo-ei com a maior sentido de responsabilidade e de contributo que tais funções exigem.
Ficou surpreendido com o convite de Pedro Proença para integrar a sua equipa?
Há 15 anos que estou diretamente ligado à Associação de Futebol de Beja (AFBeja), primeiro como vice-presidente – durante seis anos – e posteriormente como presidente da direção – durante oito anos –, funções que desempenhei sempre com grande entrega, empenho e determinação. Foi com orgulho, mas sem grande surpresa, que fui convidado para fazer parte da equipa que vai liderar o futebol nacional. Entendo este convite como uma forma de reconhecimento do trabalho desenvolvido não só por mim, mas também pela direção da AFBeja.
A sua presença na nova direção da FPF poderá significar um “olhar diferente” da Federação para o futebol do interior do país?
A minha presença é mais um contributo para o desenvolvimento do futebol de base para fortalecer o movimento associativo e unir o futebol num todo. A minha experiência e conhecimento da realidade do futebol e futsal distrital, adquirida ao longo destes anos, certamente me trará a oportunidade de uma partilha que pode conduzir a mudanças positivas em todas as modalidades desportivas que estão sob a nossa tutela.
Há sempre coisas que deixamos inacabadas, mas se existir uma continuidade na sua execução não ficarei com essa sensação. Por exemplo, um projeto que iniciei, mas não conseguirei concluir, enquanto presidente, foi a Academia de Futebol da Associação, que se irá situar no Estádio Flávio dos Santos, em Beja.
A eleição para a FPF levou à sua saída da presidência da AFBeja. Que balanço faz destes oito anos em que desempenhou o cargo?
O balanço destes dois mandatos é bastante positivo, conseguimos concretizar os objetivos e as metas a que nos propusemos alcançar. Não poderei elencar todos de forma individuada, mas houve uma melhoria generalizada e transversal a todos os setores inerentes à atividade da AFBeja. A título de exemplo, destaco manter a sustentabilidade financeira da associação, permitindo manter e até alargar os apoios financeiro atribuídos aos nossos clubes filiados, a aproximação dos clubes à Associação, fomentando as relações interpessoais, e o aumento significativo do número de praticantes femininos e masculinos. Houve formação de treinadores, árbitros e dirigentes, concorremos a projetos financiados pela FPF que nos permitiram a modernização da sede da Associação, e apostamos na contratação de novos recursos humanos, entre outros. Na certificação dos nossos clubes, iniciamos o processo com seis clubes e em 2024 conseguimos já 21 clubes certificados, ou seja, a quase totalidade dos clubes elegíveis para este processo. E apoiámos os clubes na beneficiação das suas infraestruturas, através do projeto “Crescer 2024”.
Qual acha que foi a maior conquista alcançada neste período?
Foram várias as conquista alcançadas, tenho dificuldade em individualizar uma. Mas entendo que as maiores conquistas são aquelas que são precedidas de grandes desafios e, como tal, penso que grandes conquistas foram alcançadas com a superação de todos os desafios e constrangimentos que a pandemia [da Covid-19] trouxe para a nossa atividade e para todos que com ela se relacionaram. Foram tempos muito difíceis, na época desportiva 2021-2022, em plena pandemia, tínhamos cerca de 1.771 praticantes e na época seguinte conseguimos alcançar o patamar de 3.800 praticantes. Isto foi uma recuperação impressionante, após um período desafiador, em que os clubes demonstraram o seu empenho, resiliência, determinação e superação. Como tal, sem dúvida, foi uma grande conquista de superação de todos os envolvidos.
O que deixou por fazer?
Há sempre coisas que deixamos inacabadas, mas se existir uma continuidade na sua execução não ficarei com essa sensação. Por exemplo, um projeto que iniciei, mas não conseguirei concluir, enquanto presidente, foi a Academia de Futebol da Associação, que se irá situar no Estádio Flávio dos Santos, em Beja.
O distrito de Beja chegou a ter, na década de 90, cinco equipas em simultâneo na então 3ª divisão nacional, hoje ambicionar ter mais que as atuais duas já parece ser uma ilusão. Porque razão será assim? É possível inverter este quadro que tem sido o habitual nas últimas temporadas?
Os tempos são outros, atualmente uma equipa para se manter, por exemplo, no Campeonato de Portugal é essencial possuir e sustentar, na sua base, um exigente conjunto de fatores. Desde logo, possuir os requisitos burocráticos e regulamentares para poderem disputar este campeonato, refiro-me à certificação e ao licenciamento do clube. A par disto, e para todos os clubes que participam nas diversas provas nacionais, para que a equipa se mantenha competitiva na prova, têm que possuir uma equilibrada estrutura financeira, desportiva e de recursos humanos. Por tudo isto, não posso deixar de endereçar o meu grande reconhecimento aos nossos clubes participantes nas diversas provas nacionais, que diariamente lutam para alcançar e manter os seus objetivos.