O concelho de Moura está a servir para testar os protótipos do maior radiotelescópio do mundo, o SKA, que será instalado a partir de 2016 em África e na Austrália.
Trata-se de um investimento superior a 1.500 milhões de euros e antes da sua instalação efectiva, a Herdade da Contenda, em Moura, está a ser "a plataforma tecnológica de teste das soluções" do SKA na Europa, disse à Agência Lusa Domingos Barbosa, membro europeu do projecto.
"A Europa não tem um deserto com condições climáticas e geográficas compatíveis" com o SKA, mas Moura dispõe de "condições propícias para testar os protótipos", porque tem um espectro radioeléctrico limpo, "a maior radiação solar da Europa" e um clima muito semelhante ao dos países onde o SKA vai ser instalado, frisou.
Numa primeira fase, que arrancou em 2010, os protótipos do SKA foram instalados e testados no terreno na Contenda e, em breve, serão alvo de ensaios climáticos em câmaras térmicas na empresa municipal de Moura Lógica para testar a resistência dos materiais a temperaturas elevadas.
"Parte das infraestruturas do SKA ficará em zonas relativamente remotas e onde será difícil criar uma rede de energia eléctrica" para as alimentar e, por isso, algumas terão que funcionar de forma auto-suficiente e através de energia solar, disse.
Nesse sentido, durante o primeiro trimestre deste ano, através do projeto "Biostirling 4 SKA", orçado em seis milhões de euros e financiado pela Comissão Europeia, começarão a ser instalados na Contenda os sistemas de fornecimento de energia solar para os protótipos do SKA.
Trata-se de concentradores solares, "uma espécie de antenas parabólicas em vidro", que, através de concentração solar térmica, convertem a radiação solar em energia eléctrica.
Após a instalação dos sistemas de energia, os protótipos do SKA voltarão a ser instalados na Contenda e, até final de 2015, terão que estar funcionais e terá que haver um estudo de fiabilidade do sistema, indicou.
Segundo Domingos Barbosa, as soluções de energia solar para os protótipos do SKA, encontradas em Moura com a participação da indústria portuguesa, "terão um impacto social elevado", porque são "encaradas como percursoras de iniciativas capazes de ajudar a levar energia eléctrica fiável a cerca de 1,6 mil milhões de pessoas", que vivem sem electricidade em zonas onde é difícil instalar redes de energia, nomeadamente na África subsariana.
A construção efetiva do SKA deverá começar a partir de 2016, as primeiras observações estão previstas para 2017 e o radiotelescópio poderá começar a funcionar em pleno até 2025, indicou.
