Em entrevista ao “CA”, o treinador do Mineiro Aljustrelense, Carlos Piteira, assume que quer equipa a lutar pelos lugares do topo da tabela classificativa, mas espera um campeonato bastante competitivo e muito equilibrado.
Como avalia o início de temporada do Mineiro Aljustrelense?
Já vamos com três meses e qualquer coisa de trabalho e estamos a perspetivar um campeonato muito complicado, muito difícil, onde temos boas equipas a praticar bom futebol. Nós estamos a tentar construir uma equipa, porque apesar de ficarmos com uma base do ano passado tivemos de contratar praticamente metade da equipa. Estamos aos poucos a construir o nosso caminho, sabendo que o Mineiro é sempre uma equipa candidata. O Mineiro tem sempre essa pressão, porque o clube e a massa associativa o exigem. E quando entramos num projeto como o Mineiro, sabemos que temos de ter esse compromisso enorme de fazer o melhor pelo clube, um clube que tem de vencer e que, se calhar, o seu patamar é o nível nacional. Mas às vezes é melhor dar um passo atrás e depois dar dois em frente, com segurança e mostrando que não é só ganhando que se fazem bons trabalhos.
Em 2023-2024 o Mineiro Aljustrelense ficou fora do pódio do campeonato distrital da 1ª divisão, mas este ano a meta poderá ser lutar pelo título?
Na altura em que vim para o Mineiro tivemos, de certa forma, de reerguer o clube, que estava a passar um momento difícil em termos de jogadores e até em termos diretivos. Acabou por ser esta direção, em cima da hora, a assumir este compromisso e acabámos, do meu ponto de vista, por fazer um bom campeonato. Ficámos em 6º lugar, mas lembro que no último jogo em casa fizemos uma grande exibição com o Milfontes, em que dominámos, mas onde duas infelicidades do nosso guarda-redes permitiram à outra equipa fazer golo. E se temos vencido tínhamos ficado em 3º lugar! Este ano, o que nos foi pedido foi para lutarmos jogo a jogo e que o Mineiro estivesse sempre presente no topo da classificação. E não podemos fugir a isso, com todo o respeito pelas outras equipas. Temos de dar o nosso melhor, sabendo que não é fácil e que não se constrói uma equipa de um dia para o outro. Vamos ter muitas dificuldades, os jogos são momentos e temos muitas equipas que se podem intrometer nos primeiros lugares e complicar a vida àqueles que têm mais argumentos…
E esta equipa do Mineiro tem argumentos para ser campeã?
Tem qualidade, sim senhor! Temos vindo a construir esta equipa pouco a pouco, apesar de termos tido a infelicidade de perder dois jogadores por lesão. Um deles já foi operado, que é o Nando, e em breve será o Kleiton. São duas lesões graves que os afastam praticamente do resto da época e eram dois jogadores importantes na nossa manobra. Mas o futebol é assim e esperamos que tenham uma boa recuperação. O que fizemos depois foi tentar equilibrar a equipa e é com estes jogadores que vamos dar o máximo, com um compromisso enorme, sabendo que vestimos uma camisola com peso, nome e história.
É também um clube com uma massa associativa muito exigente. Sentem a pressão de ter de ganhar por parte dos sócios?
Não é uma questão de pressão… Quando se fala do Mineiro, fala-se do mineiro que vinha da mina para jogar futebol. O Mineiro tem essa referência e não há como fugir a isso. Cada treinador que venha para este clube terá uma pressão enorme, mas no bom sentido. E se a direção dá tudo a este clube e a estes jogadores, se não lhes falta, nós temos de contribuir com tudo. E contribuir com tudo é dar o máximo!
O início de época ficou logo marcado por dois desaires com o FC Castrense, na final da Taça de Honra (0-3) e depois na abertura do campeonato (0-1). Essas derrotas causaram “mossa” na equipa?
Não fizeram mossa e foi isso que disse aos jogadores. Na final da Taça [de Honra] acabámos por não conseguir ganhar, ainda que na 1ª parte tenhamos tido duas situações que podiam ditar outro desfecho. Reconheço com toda a justiça que o Castrense foi melhor que o Mineiro, mas penso que demos uma boa resposta. E no próprio jogo em Aljustrel, na 1ª jornada [do campeonato], acabámos por fazer um grande jogo, em que me parece que foi uma grande injustiça termos perdido. Mas continuámos o nosso trabalho, pois à 1ª jornada ninguém perde nada nem ninguém ganha nada! Neste momento as coisas estão a correr bem, estamos a um ponto do 1º lugar e o campeonato está muito equilibrado. Temos de pensar jogo a jogo, respeitando muito os adversários e lutando sempre pelo cimo da classificação. O Mineiro tem de estar sempre entre os primeiros e se não estiver alguma coisa não estará bem…
Antevê um campeonato bem disputado, muito competitivo… Há alguma equipa mais favorita que as demais na luta pelo título?
Parece-me que temos quatro ou cinco equipas com mais argumentos, mais soluções e mais experiência e isso, neste campeonato, é um posto. Toda a gente sabe que há quatro ou cinco equipas que podem, de certa forma, subir de divisão.