De regresso ao comando técnico do Mineiro Aljustrelense, Carlos Piteira explica ao “CA” que o clube está num processo de renovação, com mais “gente da terra” na equipa, e que o título distrital “não é uma prioridade”.
O Mineiro Aljustrelense deixou-se atrasar na “linha de partida”, dada a indefinição diretiva que houve. A pré-época foi mais difícil por isso?
Sim, muito difícil! Repare que, neste momento, temos 16 jogadores seniores, alguns dos quais chegaram com a pré-época a meio. E temos oito jogadores dos juniores que fazem parte deste plantel sénior. Além disso, só temos um jogador da equipa do ano passado numa base de 18 jogadores… É muito complicado! Começámos praticamente do nada, mas equipa tem-se vindo a conhecer e hoje já dá uma resposta diferente. Temos um trabalho muito difícil pela frente, mas tinha de ser feito desta forma. Como sabe, no ano passado o Mineiro Aljustrelense não tinha um jogador da terra. E se um clube com todos os escalões de formação não tem um jogador da terra [no plantel principal] é porque alguma coisa não está bem. E nós – equipa técnica e direcção – acabámos por montar esta estratégia, no sentido do Mineiro crescer de uma forma sustentável. E o futuro será mais risonho para o Mineiro naquilo que diz respeito ao aproveitamento dos jovens.
Estamos, portanto, perante um novo ciclo, uma nova era no clube?
Sim, sem dúvida! E é tão bonito ver um clube com tanta gente da terra na equipa e rodeado dos seus familiares. Quer se queira quer não, as pessoas vão atrás dos clubes quando este também lhes dá alguma coisa. E neste caso, estamos a dar oportunidade àqueles que formamos, aos nossos. Com respeito pelos jogadores que vêm de fora, mas temos de dar oportunidade a estes jovens, que têm muita qualidade.
E também sentem a camisola de outra forma.
Sem dúvida! Quer queiramos ou não, quem é criado desde miúdo num clube tem um sentimento diferente.
“A meta do Mineiro é discutir todos os jogos, lutar pelos três pontos todos os domingos e, acima de tudo, sair de qualquer campo com o sentimento de dever cumprido, independentemente de ganhar ou perder.”
Neste novo ciclo, que metas desportivas traçou o Mineiro Aljustrelense para 2023-2024?
Como disse desde logo ao presidente [Paulo Guisado], a meta do Mineiro é discutir todos os jogos, lutar pelos três pontos todos os domingos e, acima de tudo, sair de qualquer campo com o sentimento de dever cumprido, independentemente de ganhar ou perder. É preciso coragem neste projeto e as pessoas acreditarem que tem de se semear para colher. É isso que estamos a fazer e a tentar passar essa mensagem à juventude. Estou consciente que vamos fazer um bom trabalho e que vamos dar muitas alegrias à nossa massa associativa.
Ou seja, o título não é, para já, uma prioridade para o Mineiro Aljustrelense?
Não é uma prioridade, mas o Mineiro é sempre um candidato ao título, independentemente de ter miúdos ou não. Como digo, o objetivo principal não é esse, mas vamos trabalhar sempre olhando para cima. E se no fim permitirem que a gente esteja em cima, vãos aceitar esse lugar para podermos fazer história.
O campeonato distrital da 1ª divisão volta a ser disputado apenas numa fase nesta temporada. Concorda com este modelo?
O Mineiro o ano passado era campeão distrital na primeira fase e depois não foi… Penso que os campeonatos são para ser as duas voltas. Termina e ganhar o melhor.
Ou seja, prefere este modelo competitivo?
Sim, é melhor. Sem dúvida! Assim há mais verdade desportiva.