Lopes Guerreiro bateu com a porta e saiu do PCP!
Assume que continua a ser comunista mas decidiu “renunciar à condição de militante” por não conseguir conviver com “o desincentivo” a essa militância.
Na carta que agora tornou pública e que remeteu à direcção do partido no início deste ano, o antigo autarca revela que os últimos sete anos foram marcantes para tomar a decisão que em muitos círculos era esperada há muito tempo.
“A ‘gota de água’ foi o desincentivo à militância que fui sentindo desde o XVII Congresso (2004), em que dei a cara afirmando a minha discordância em relação ao funcionamento do partido. Nessa altura logo, foi assumido por um alto dirigente que só não era expulso pelos danos que tal decisão provocaria ao partido”, divulga.
Antigo vereador na Câmara de Beja, presidente na Câmara de Alvito e responsável em várias organizações da região, como Associação de Municípios ou a Região de Turismo, José Lopes Guerreiro, hoje com 58 anos, começou a divergir do PCP no final da década de 90.
Nestes últimos anos, nunca ocultou “divergências” com a direcção do PCP “nos planos da ideologia, da política, da prática e da organização, designadamente da democracia interna”.
Razões que, segundo assume, “também contaram” para a sua demissão mas não foram determinantes.
Cansado de ser convocado “para reuniões destinadas a aprovar o que já está aprovado” e algumas iniciativas pontuais, Lopes Guerreiro queixa-se que “para mais nada” tem recebido convites e, por isso, deixa clara outra motivação para este desfecho.
“Se o Partido não precisa da minha participação militante, eu também não tenho jeito para ‘verbo-de-encher’ nem para desempenhar o papel de sócio”, ironiza.
Este acumular de episódios e desconfortos, levaram Lopes Guerreiro a tomar a decisão de remeter-se à “condição de independente” que, esclarece na sua carta de demissão, será aquela que “melhor se coaduna” com a sua maneira de ser.
“Remeto-me à minha condição de independente, que julgo ser a que melhor se coaduna com a minha maneira de ser e me permitirá intervir como muito bem entenda, sem me sentir condicionado pela disciplina partidária nem criar quaisquer dificuldades ao PCP”, escreve.
Claramente magoado por “ter passado a ser acusado de militante indisciplinado” a partir da altura em que tornou públicas as críticas que antes fazia apenas internamente, Lopes Guerreiro assegura que, “com excepção desse ‘crime’ de lesa centralismo democrático”, sempre foi “um militante disciplinado, que pede meças a alguns dos que o têm acusado do contrário”.
Certo de que o PCP “continua a ser um dos partidos, para não dizer o partido, com que mais” se identifica, Lopes Guerreiro garante que sai “sem ressentimentos” mas com reserva de memória para alguns episódios da sua militância.
"Deixo o Partido sem ressentimentos, embora sem esquecer algumas ‘partes’ que me fizeram e os seus protagonistas. Nele continuam muitos companheiros de muitas lutas, acções e actividades e muitos amigos também”, conclui.
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