Ligação do Alqueva a Santa Clara e ao Algarve está a ser estudada

O abastecimento de água ao Algarve a partir do Alqueva, ligando esta barragem à de Santa Clara, no concelho de Odemira, e, depois, à da Bravura, no Algarve, está a ser estudado pelo Governo, revelou a ministra do Ambiente e Energia.

Segundo Maria da Graça Carvalho, a interligação entre aquelas barragens e a barragem da Bravura, em Lagos, no Barlavento algarvio, será possível na sequência da autorização de Espanha para a utilização de 60 hectómetros cúbicos do Rio Guadiana.

“Assim, através deste reforço do Alqueva, será possível, e é isso que estamos a estudar neste momento, fazer a ligação do Alqueva à bacia de Mira, portanto a Santa Clara, e de Santa Clara à Barragem da Bravura”, avança a governante.

Esta possibilidade é, contudo, contestada pelos agricultores do Baixo Alentejo, que querem antes medidas do Governo para aumentar o volume de armazenamento da albufeira do Alqueva.

Para o presidente da Associação de Agricultores do Baixo Alentejo (AABA), Francisco Palma, “é um bocadinho descabido pensar que Alqueva vai suprir as necessidades hídricas do Algarve, tendo o Algarve, por si só, condições de ter mais recursos hídricos”.

“Nessa questão do Alqueva servir para tudo e para todos, acho no mínimo uma golpada eleitoralista e um oportunismo político”, critica o dirigente agrícola, lembrando que o Alqueva “foi feito e pensado” para “colmatar um défice hídrico que existe no Alentejo, dada a seca e a irregularidade” do clima da região.

Por isso, continua, antes de se pensar em levar a água do Alqueva até ao Algarve, é preciso que esta chegue primeiro “aos vários sítios do Baixo Alentejo onde é necessária”. “E, aí, o Alentejo é muito grande e a água pouca em relação ao tamanho do território”, frisa.

Também Rui Garrido, presidente da ACOS – Associação de Agricultores do Sul, com sede em Beja, diz não ver com bons olhos um projeto que possa implicar “mais um consumo de água ao Alqueva”.

“A água do Alqueva não é ilimitada” e “temos é de começar a pensar na maneira de meter mais água no Alqueva”, alerta.

De acordo com este responsável, no futuro próximo, a região pode vir a debater-se com “mais três anos sem chuva”. “Isso tem que ser equacionado e temos que pensar que, para dar água a tanta gente, temos de arranjar mais água para o Alqueva”, reforça.

Por isso, o dirigente agrícola frisa não perceber “como é que pode sair tanta água sem que se pense em meter água no Alqueva, nomeadamente água que venha do norte [do país], onde chove mais e há mais” recursos hídricos.

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Correio Alentejo

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