Até agora vogal da direção António Aires, de 51 anos, foi nomeado, na passada semana, pelos seus pares, como novo vice-presidente da Associação de Agricultores do Campo Branco (AACB), com sede em Castro Verde, e será ele a liderar a instituição após a morte de José da Luz Pereira.
Em entrevista ao “CA”, António Aires reconhece que são muitos os desafios que tem pela frente, a começar pela reforma da PAC, enaltecendo ainda o enorme legado deixado por José da Luz Pereira na instituição.
Que legado deixa José da Luz Pereira na AACB?
Foi uma pessoa a quem, em meu nome pessoal e em nome de todos, devemos um muito obrigado pelo trabalho e pela dedicação que deixou nesta zona do Campo Branco. Sempre com uma postura de consenso, de tentar resolver e puxar pela agricultura e pelos agricultores. É esse legado que me transmitiu a mim e aos restantes membros, porque as associações só fazem sentido para servir os associados. E neste caso, deixou-nos uma casa sólida e com quadro técnico. Os colaboradores e os associados são a maior referência que nos deixou.
A ideia será cumprir o mandato até final, ou seja, até 2024, ou será uma fase de transição?
Agora avançamos para a direção e para a associação não pararem. Se houver necessidade disso, não haverá qualquer problema em convocar eleições antecipadas.
“Não podemos criar medidas [de apoio à agricultura] que fiquem desertas por as pessoas não conseguirem aderir, dadas as burocracias. O objetivo é que cada vez mais pessoas consigam aderir a estas medidas.”
Como encara este desafio de liderar a AACB?
É um desafio grande, pois estamos numa altura de pré-reforma da Política Agrícola Comum (PAC). As ajudas vão ser de forma diferentes e estamos numa altura em que já deveriam ter sido definidas as regras para o próximo ano. Estamos um bocado na expetativa do que vai suceder, quais são as normas, se o que está proposto vai ser aceite… E no caso do Plano Zonal de Castro Verde também há umas alterações propostas. Além destas questões todas, estamos também com os problemas graves da seca, que na nossa região é muito grave.
Há muito trabalho pela frente.
Principalmente nesta parte da reforma da PAC. Vai acabar um ciclo e vai haver novas medidas, novas formas de pagamento, as ajudas vão ser calculadas de forma diferente e estamos numa altura de indefinição, pois esta é a altura de as pessoas se prepararem para saber se vão aderir às novas medidas ou não, se estas são ou não compatíveis neste novo quadro comunitário. As pessoas têm de saber se se podem candidatar ou não e prepararem-se, porque, de acordo com os outros anos, as candidaturas começam em março.
Qual será a vossa grande prioridade neste novo ciclo na AACB?
Temos parte da reforma da PAC e temos também a parte da sanidade animal, pois vão haver alterações para o próximo ano, o que também nos preocupa. E há essa parte das ajudas aos produtores, independentemente da parte climática. As ajudas têm sido insuficientes dada as despesas e, no nosso caso, há produtos cuja comercialização [para venda] baixou de valor.
A agricultura e a pecuária no Campo Branco lutam, neste momento, pela sobrevivência?
É muito complicado… Tudo depende das ajudas e que estas venham de forma a que os produtores consigam usufruir delas. Não podemos criar medidas que fiquem desertas por as pessoas não conseguirem aderir, dadas as burocracias. O objetivo é que cada vez mais pessoas consigam aderir a estas medidas. Isso será fundamental!