Escultora de S. Teotónio homenageou Amália

Escultora de S. Teotónio

A canção “Foi Deus” é das mais conhecidas (e apreciadas) na gigantesca obra da “diva do fado” e deu origem à enorme escultura concebida por Xica, artista plástica de São Teotónio.
Uma peça com quase 200 quilos, concebida a partir de materiais naturais e moldada com muito carinho. Porque é com carinho que se tratam amizades como a de Xica com Amália, falecida faz agora 17 anos.
“Além de a admirar muito, Amália foi a maior amiga que tive”, reconhece ao “CA” a artista de 69 anos, que tem a sua oficina no centro da vila de São Teotónio. É lá que se encontra a nova obra, que representa a fadista ao lado de Deus. “Lembrei-me de fazer Amália após a morte, no céu, com um ramo de flores e sentada ao lado de Deus, figura poderosa, universal, forte, grande, a agradecer-lhe”, explica.
A imponente escultura levou cerca de seis meses a ficar pronta. E todos os materiais utilizados pela artista são provenientes do concelho de Odemira. “A obra é feita com xistos. A cabeça de Deus foi pesquisada na Zambujeira do Mar, junto à capela. A saia rodada de Amália e as vestes de Deus vieram da praia da Amália. E o cabelo de Amália, aquele preto forte, foi apanhado na serra da Relva Grande, naquelas pedras que parecem lava de vulcão. São tudo elementos naturais da nossa zona”, revela Xica.
“Foi Deus” não é, contudo, a primeira peça que Xica dedica à amiga Amália. “A forma que encontrei de a homenagear foi fazendo várias esculturas da Amália, por norma com materiais pesquisados na praia da Amália, na Zambujeira do Mar e nessas falésias”, confidencia a artista, que há dois anos esteve presente na FACECO, em São Teotónio, com uma exposição de “Amálias”.
Tudo feito em nome de uma amizade que nem a lei da morte desfez. “Amália tem uma dimensão tão grande, tão grande que eu até lhe dizia ficar impressionada por ela gostar tanto de mim. Ainda hoje tenho os bilhetinhos que me escrevia, a dizer que tinha a felicidade de eu ser amiga dela. Quando devia ser o contrário! Não sou vaidosa, mas este é um grande motivo de orgulho”, conclui Xica.

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Correio Alentejo

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