Diogo Nascimento. “Queremos ter campeonatos e equipas mais competitivas”

Diogo Nascimento

Em entrevista ao “CA”, Diogo Nascimento revela as prioridades da sua candidatura à presidência da Associação de Futebol Beja (AFBeja), assumindo como prioridade, entre outras, a construção da Casa do Futebol de Beja no antigo Estádio Flávio dos Santos.

Por que razão devem os clubes elegê-lo como novo presidente da AFBeja?

Essa pergunta deverá ser efetuada aos clubes associados da AFBeja. O que posso responder é quais as razões e motivações que me levam a ser candidato a presidente da AFBeja! Integrei a direção da AFBeja há oito anos e sempre tive vontade de assumir a liderança da Associação. A partir do momento em que o professor Pedro Xavier comunicou à atual direção que não seria candidato à Associação, devido ao facto de ter sido convidado para integrar a lista liderada pelo Pedro Proença à FPF,  considerei que seria o momento certo para avançar com a minha candidatura. São várias as razões que me levaram a tomar esta decisão, como o meu desejo de concretizar projetos em curso por forma a consolidar o crescimento que temos assistido na atividade da Associação. Mas também o facto de me considerar uma pessoa do associativismo, com um sentido de comunidade muito presente, no qual tenho integrado vários órgãos sociais de outras entidades ao longo dos anos, como o Banco Alimentar contra a Fome, a Fundação Manuel Gerardo de Sousa e Castro, o Conselho Geral do IPBeja ou o Clube Desportivo de Beja. Entre 2010 e 2013 fiz parte da direção e comissão administrativa do Clube Desportivo de Beja, uma das experiências mais enriquecedoras que tive o privilégio de ter até hoje e que me permitiu conhecer de perto a realidade de um clube e as dificuldades que todos enfrentam no dia-a-dia. Por último, uma questão pessoal e familiar! Sou neto do Armando Nascimento, uma pessoa que deu um contributo muito importante ao futebol de Beja, principalmente na arbitragem, razão que me motiva também a poder dar o meu pequeno contributo. Sinto que estou preparado para assumir esta função, de grande responsabilidade, com uma motivação enorme e sentido de serviço ao futebol, aportando o meu conhecimento e experiência profissional para gerir e desenvolver o futebol e o futsal no nosso distrito. Mas serão os clubes, que são soberanos, que irão decidir qual o melhor projeto e equipa para levar a “bom porto” os destinos da Associação.

O fato de integrar uma lista “de continuidade” relativamente aos órgãos sociais atuais da AFBeja é uma vantagem?

Quando o professor Pedro Xavier nos comunicou que não seria candidato à AFBeja, reuni com a direção e os presidentes dos vários órgãos da Associação, naquele que foi um exercício de ponderação, para avaliar se existiam condições para avançar com a candidatura. Esta decisão foi muito ponderada, porque para mim, só fazia sentido avançar se se mantivessem a maioria dos membros, pois constituiria numa mais valia no que toca ao conhecimento e experiência de toda a equipa. Conseguimos formar uma lista que assenta em muitas pessoas que já integram os órgãos sociais da AFBeja, mas que sofreu uma renovação em vários órgãos, com a integração de novas pessoas, muito diversas e com muita qualidade, que vêm enriquecer e fortalecer este grupo. Como exemplo, teremos uma mesa da Assembleia Geral totalmente renovada, assim como a integração de várias senhoras, com vista a termos uma representação mais plural e representativa do mundo do futebol. Penso que o conhecimento pormenorizado que temos de todos os assuntos e o acesso aos principais agentes do mundo do futebol é uma mais valia para o nosso desempenho na liderança da Associação. A vantagem que considero que a nossa lista tem são os valores em que a mesma assenta. E esses valores são a experiência, dedicação, conhecimento pormenorizado da realidade do futebol do distrito, transparência e ambição. Temos consciência dos problemas existentes e do caminho que temos que percorrer para os resolver e, com isso, ajudar os nossos clubes para ultrapassarmos as dificuldades com que nos confrontamos diariamente.

Em caso de eleição, e do ponto de vista estratégico, qual a sua maior ambição?

Sob o lema “Consolidar o Presente, para um Melhor Futebol no Futuro!”, considero que a nível estratégico temos um trabalho muito exigente nos próximos anos. O futebol distrital no geral – e quando digo no geral engloba todas as modalidades e agentes desportivos – tem tido um crescimento significativo, onde assistimos a uma grande evolução, se olharmos para o que era há 15 anos atrás. 2024-2025 é a época em que temos mais clubes filiados na Associação, mais atletas inscritos, mais árbitros, enfim, mais atividade. Temos 12 a 13 seleções em atividade, o que representa um número muito superior ao que tivemos anteriormente. Evoluímos nos processos de certificação das entidades formadoras e no número de ações de formação direcionadas aos vários agentes desportivos, estamos mais profissionalizados, com clubes mais organizados e mais competitivos. Claro que há muito trabalho a fazer por forma a consolidar este crescimento, estabilizando toda a atividade desportiva e apoiando os nossos associados para que tenhamos um crescimento harmonioso e sustentável de forma generalizada. Gostaria de contribuir para que, após o meu mandato, todos pudéssemos dizer que o futebol no nosso distrito estará mais competitivo, com melhores campeonatos, mais organizado e mais atrativo para que a modalidade continue a crescer, reforçando a sua importância como principal modalidade desportiva do nosso país.

A vantagem que considero que a nossa lista tem são os valores em que a mesma assenta. E esses valores são a experiência, dedicação, conhecimento pormenorizado da realidade do futebol do distrito, transparência e ambição.

Que projetos/prioridades traçados para o seu mandato?

Temos identificado vários projetos estruturantes que consideramos que serão essenciais para o desenvolvimento do futebol e futsal regional, que temos vindo a dar a conhecer aos nossos clubes nas inúmeras reuniões que temos realizado. Todos eles estarão explanados no nosso plano de ação, que será enviado aos clubes. Posso adiantar o desejo de voltarmos a ter um campeonato distrital de futsal sénior masculino, assim como um campeonato distrital de futebol feminino e a criação das seleções sub-16 e sub-18 masculinas, que não existem no nosso distrito. Outro projeto prioritário será a construção da Casa do Futebol de Beja, que consiste na requalificação do Estádio Flávio dos Santos, em parceria com o Município de Beja, e que ainda não saiu do papel. No que respeita a projetos, temos que ser ambiciosos e muito exigentes connosco e com todos os envolvidos, por forma a que todos juntos sejamos capazes de valorizar o futebol no distrito, afirmando o nosso distrito a nível nacional junto dos decisores, de modo a influenciar positivamente para que as melhores decisões sejam refletidas nos nossos clubes.

Qual é, na sua opinião, o maior problema do futebol distrital e que solução preconiza para o mesmo?

Penso que existem vários problemas, que na minha opinião também são oportunidades e desafios que temos pela frente. Por um lado, ao nível de infraestruturas desportivas existentes no nosso distrito. Tem sido feito um trabalho extraordinário dos municípios na requalificação dos espaços existentes, mas ainda existe necessidade de construção de novos recintos, por forma a se disponibilizar as melhores condições para a prática desportiva. Há trabalho a fazer, em que a Associação e a Federação Portuguesa de Futebol deverão apoiar na instalação de relvados sintéticos, requalificação de balneários, iluminação, pavilhões, etc., que permitirão dotar os clubes de melhores condições e, com isso, atrair mais atletas para praticar futebol. Outro desafio que temos tem a ver com a formação dos vários agentes desportivos. Temos que ser capazes de desenvolver planos de formação consistentes que vão ao encontro das necessidades, com condições de acesso mais acessíveis, para que os mesmos sejam muito participados. Só conseguiremos evoluir se todos estivermos mais capacitados e formados para que o nosso desempenho tenha mais qualidade e consistência. Por fim, e como principal desafio, na minha opinião, será trabalharmos em conjunto, todos, com vista a termos campeonatos e equipas mais competitivas, por forma a afirmar o nosso distrito no panorama do futebol e futsal nacional. Aqui, só com um trabalho verdadeiramente colaborativo entre todos conseguiremos elevar e atingir o nível que todos pretendemos.

A questão dos seguros, sobretudo o seu custo, tem sido um dos problemas mais apontados pelos clubes. O que pretende fazer nesta matéria?

É um tema que nos preocupa e a que tenho dedicado atenção, no sentido de conseguir inverter a tendência de acréscimo do valor dos seguros praticado nos últimos dois anos. De facto, o custo atual dos seguros é um dos custos com mais peso no início da época desportiva para os clubes. Reunimos em dezembro com a então lista candidata à direção da FPF e atual direção, liderada pelo presidente Pedro Proença, onde apresentámos esta preocupação e em que o atual presidente da FPF partilhou connosco esta preocupação. Também nas últimas semanas iniciámos o processo de recolha de propostas junto das seguradoras para se iniciar o processo de negociação, com vista a obtermos as melhores propostas. As seguradoras olham para cada associação de forma isolada, o que resulta numa disparidade de valores quando olhamos para os valores praticados em cada associação. Há associações em que os valores num escalão são mais altos e noutros são mais baixos que os que praticamos, e vice-versa. Por exemplo, o valor praticado na AFAlgarve no escalão sénior é mais alto que o valor praticado pela AFBeja neste escalão. No entanto, no escalão de juvenis, o valor praticado pela AFBeja é sensivelmente mais alto que na AFAlgarve. Para conseguirmos reduzir este custo, teremos que tentar negociar patrocínios com as seguradoras, com a atribuição do naming aos campeonatos, e com isto haver uma redução generalizada nos vários escalões, agregar e negociar em grupo por forma a ganhar escala, aumentar os plafonds relativos às coberturas, melhorando a relação qualidade preço, e avaliar a possibilidade do pagamento dos seguros em tranches, aliviando o esforço inicial dos clubes com a subscrição dos seguros. De referir que os clubes não estão obrigados a fazer os seguros desportivos através da Associação, mas penso que só conseguiremos obter melhores condições se tivermos um maior número de atletas, por forma a ganhar capacidade negocial. Estaremos sempre atentos a esta questão e disponíveis para analisar conjuntamente com os clubes as necessidades de cada um e a forma de obtermos as melhores condições, reduzindo os respetivos custos.

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