O presidente do Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol de Beja (AFBeja), Manuel Custódio, condena as críticas que alguns clubes têm vindo a fazer publicamente aos árbitros do distrito, admitindo a possibilidade de deixar de “sobrecarregar tanto” os juízes, deixando alguns jogos sem equipa de arbitragem.
Numa nota enviada no final da passada semana aos clubes, e à qual o “CA” teve acesso, Manuel Custódio critica as manifestações de “desagrado com as arbitragens” que alguns clubes fizeram recentemente nos respetivos sites ou páginas nas redes sociais.
“Desde o início do nosso mandato temos apelado a que vejam a arbitragem como elementos que, conjuntamente com os outros intervenientes, devem ser parte da solução para a melhoria e desenvolvimento do futebol e não um problema para o mesmo”, advoga o dirigente.
Por isso, continua Manuel Custódio, “não vejam os erros ou as decisões menos acertadas como premeditações em que se quer beneficiar um em desfavor do outro, tal como não é quando o dirigente não faz a melhor escolha, o treinador erra na tática ou o jogador falha o penalti ou dá um frango”.
Na nota, o presidente do Conselho de Arbitragem da AFBeja lembra que, há três anos, havia 51 árbitros “no ativo” no distrito. “Neste momento, temos 66 e um curso de captação a decorrer, mas ainda é muito curto para fazer face às nossas competições”, acrescenta.
Esta situação, agravada pelo facto existirem mais sete árbitros de futebol de 11 e quatro de futsal nos quadros nacionais, faz com que haja juízes a fazer “quatro e cinco jogos” por fim-de-semana.
“Muitos de vós estão focados nos jogos que as vossas equipas seniores disputam no sábado ou domingo à tarde […]. [Mas] compreendam que, muitas vezes, a equipa que vos vai apitar já soma três e quatro jogos realizados no fim-de-semana, que por vezes já houve jogos com picardias e por vezes já existe algum cansaço”, nota.
Tal situações, e tendo em conta as “reclamações e por vezes até intolerâncias” dos clubes para com os árbitros, o presidente do conselho de arbitragem da AFBeja diz que está a ser ponderada uma alteração de método, “seguindo exemplos de outros conselhos regionais”.
Sobre a mesa está assim a possibilidade de não “sobrecarregar tanto cada elemento, atribuindo menos jogos”. “Isso vai levar a ficarmos com alguns desses jogos em que a arbitragem ficará à responsabilidade e a ser gerida pelos clubes visitados”, à imagem do que já sucede no Algarve, admite Manuel Custódio.
“Vamos então ponderar e decidir qual a melhor forma de gerir a situação”, conclui o dirigente.