O papel dos pequenos clubes

José Neto, natural de Aljustrel, sagrou-se campeão europeu de sub-17 ao serviço da Seleção Nacional no passado domingo, 1 de junho. No momento da festa, em pleno relvado do Estádio Air Albania, em Tirana, o jovem futebolista deixou de lado a bandeira de Portugal e agarrou num cachecol do clube da sua terra, o Mineiro Aljustrelense, que ficou bem visível em todas as imagens e fotografias.
Em entrevista ao Canal 11, José Neto assumiu que o gesto foi uma homenagem ao clube onde começou a jogar e a todos os que o ajudaram a crescer no mundo do futebol. Mas, inconscientemente, foi também um grande reconhecimento ao papel que pequenos clubes como o Mineiro Aljustrelense, afastados dos grandes centros urbanos, desempenham na formação de atletas e, sobretudo, de grandes Homens e Mulheres.
Todos os dias, ao longo de anos, dezenas de voluntários em instituições como o Mineiro Aljustrelense, o FC Castrense, o Desportivo de Almodôvar ou o Ourique DC, assim como todos os outros emblemas espalhados pelo distrito, dedicam grande parte do seu tempo a transportar crianças para jogos e treinos, a fazer sandes e preparar lanches, a lavar equipamentos ou arranjar apoios para que nada falte na hora de jogar à bola. Tudo por paixão pelo desporto e, acima de tudo, por amor à terra. Trata-se de um trabalho meritório e muitas vezes subestimado, mas que merece ser reconhecido pelos seus pares e respetivos representantes. Nesse âmbito, os municípios são (e continuam a ser) essenciais ao bom funcionamento dos clubes.
Mas se as autarquias estão sempre presentes na hora de apoiar os clubes, o mesmo não se pode dizer do Estado central, que pouca ou nenhuma atenção dedica a esta realidade do associativismo, privilegiando apenas “grandes projetos” como campeonatos da Europa ou do Mundo, que beneficiam apenas alguns a troco de milhões. Por isso, entendemos ser necessária uma verdadeira política de desenvolvimento do desporto em geral e de promoção do associativismo. Caso contrário, exemplos como o de José Neto tenderão a ser (ainda) mais raros…