Perante a vivência da crise cultural e social profunda no nosso país, somos tentados a ter duas atitudes: a fecharmo-nos, tentando encontrar segurança confinada ao nosso “eu” ou, em alternativa, ter uma atitude pró-activa, abrindo o nosso coração, criando uma disponibilidade interior para o outro. Sentimo-nos impotentes para alterar o rumo da história no mundo global, mas podemos alterar a história da pessoa que está ao nosso lado. Poderão ser pequenos gestos de gratuidade, um sorriso, um gesto de reconciliação, disponibilidade para escutar, que servem de antídoto perante o espírito individualista que reina na actual sociedade. Há uns dias atrás tive uma ocasião para ouvir um jovem de 28 anos partilhar a sua experiência de visitador de pessoas mais velhas. Este jovem está integrado num projecto denominado “Horizontes de Esperança” da Cáritas, que tem como missão visitar pessoas mais velhas que vivem sós. É constituído por 12 voluntários que dois a dois visitam uma determinada pessoa duas vezes por semana durante uma hora. No início do projecto receberam formação de acordo com a acção que iriam desenvolver, pois cada vez mais se tem a consciência de que não basta querer fazer, tem também de se saber fazer. E no caso dos visitadores a formação é fundamental, pois o voluntário vai entrar no mundo de outra pessoa. A expectativa que este jovem tinha no início do projecto era de que iria “dar”, mas depressa se apercebeu que era ele que estava a receber. O voluntariado enriquece humanamente aquele que o pratica. No caso dos visitadores, é toda uma experiência de vida que é partilhada, laços de amizade que se criam, em que cada um sente que é amado por aquilo que é e não por aquilo que a sociedade pretende valorizar. O visitador ao deparar-se com outras realidades, com problemáticas novas para ele, cresce em humanidade e adquire a capacidade de não valorizar tanto os seus próprios problemas. A União Europeia declarou o ano de 2011 como Ano Europeu das actividades voluntárias que promovam uma cidadania activa. Esperemos que cresça o número de pessoas que queiram partilhar gratuitamente tempo e saber à comunidade de forma a dar um sinal de que é possível transformar este mundo num mundo mais justo, mais solidário onde se veja despontar alguns raios de sol que ilumine a escuridão e aqueça este nosso mundo frio e materialista.

Autarca de Odemira critica falta de respostas do Estado no concelho
O presidente da Câmara de Odemira, Hélder Guerreiro, critica a crescente falta de respostas do Estado no concelho, tendo solicitado, no início deste mês de