Ao fim de 30 anos de emissões, o autor de “Património”, José Francisco Colaço Guerreiro, reconhece que o programa tem contribuído para manter vivas as práticas culturais tradicionais de toda a região.
Qual a mais-valia do programa para a cultura e tradições locais?
O “Património”, ao longo de 30 anos, tem vindo a ser o garante, para o concelho e para a região, de que as nossas práticas culturais tradicionais têm ao seu dispôr um palco e um auditório certo que as ouve e aprecia. Na altura em que se menosprezava e ignorava a nossa cultura popular, surgiu o “Património”, fazendo incidir as atenções, o apreço e o sentimento de pertença, sobre os valores das nossas raízes.
Há um antes e um depois do “Património” na cultura popular do Baixo Alentejo?
Efectivamente, o antes do “Património” na nossa cultura popular, há 30 anos, podia definir-se como de indiferença e desapego pela tradição, pois a modernidade havia apagado os nossos traços identitários. As rádios nacionais nem falavam do Alentejo e a televisão quase tinha acabado com o resto, ao gerar um novo modelo de convívio familiar e social, onde a oralidade que dantes veiculava os saberes tinha sido erradicada.
E depois?
No depois, que é o actual presente e será o futuro, transmitimos as nossas emissões no clássico 93 FM, mas também o fazemos online, chegando a qualquer canto do mundo, o que é uma realidade dantes impensável. Mas mais do que isso, levamos também o programa com som e imagem em directo a muitos milhares de seguidores, através de diversos grupos do Facebook, potencializando segmentos inimagináveis de apreciadores que em diversos continentes connosco partilham a beleza, o encanto e a arte trazidas pelos nossos convidados.
A título pessoal, que representam para si estes 30 anos de “Património”?
Foram, certamente, os 30 anos mais proveitosos da minha militância cultural.