Com quase metade de campeonato cumprida, é o Clube Desportivo de Almodôvar quem lidera a 1ª divisão distrital, apesar do título não ser um dos objectivos da equipa para esta temporada. “A Taça [Distrital] sim, é o grande objectivo do clube, porque é o troféu que nos falta na vitrina”, afiança o técnico Sandro Almeida em entrevista ao “CA”.
O dia 21 de Abril de 2013 recorda-lhe alguma coisa?
[sorrisos] Assim de repente não estou a ver…
Nesse dia o Almodôvar foi campeão distrital pela primeira vez. Quase cinco anos depois, o clube volta a liderar o campeonato. Temos candidato ao título?
Esse não é o principal objectivo que a Direcção me pediu. Pediu sim que fizéssemos um campeonato tranquilo e que ficássemos entre os três primeiros. A Taça [Distrital] sim, é o grande objectivo do clube, porque é o troféu que nos falta na vitrina. Quanto a ser candidato… Acho que há outras equipas mais candidatas que o Almodôvar.
Quais?
O Aljustrelense. O Milfontes – que há uma série de anos que anda para ser campeão e nunca o foi – também é um sério candidato. E depois temos o Vasco da Gama, que tem sempre boas equipas.
Mas é o Almodôvar quem vai na frente.
Vamos na frente e se em Abril estivermos nesta posição obviamente que gostaríamos de ser campeões. Mas volto a dizer que esse não é o nosso principal objectivo! Queremos sim fazer um campeonato tranquilo, dando bons espectáculos e promovendo o futebol. Outro objectivo que o presidente nos colocou foi apostarmos nas camadas jovens do clube e é isso que estamos a fazer. Cerca de 70% do plantel são jogadores da formação do Almodôvar. E temos os jogadores de Castro Verde, que já estão cá há uma série de anos e que também já fazem parte da ‘casa’. Isso é bom, porque a mística fica aqui.
Isso também faz a diferença?
Penso que sim! É essa “mística”, essa vontade e esse querer que faz o Clube Desportivo de Almodôvar ter sucesso. Mas para isso também é preciso trabalhar e termos pessoal para treinar. E eu recordo que tenho aqui muitos jogadores que trabalham nas minas. Isso traz por vezes algumas complicações no que diz respeito ao planeamento dos treinos. Por exemplo, para preparar o jogo com o Milfontes tinha 12 jogadores para treinar, pois muitos trabalham por turnos e não puderam estar nos treinos dessa semana. São estes pequenos constrangimentos que, possivelmente, as outras equipas não têm. Mas estas dificuldades ainda trazem mais força à nossa equipa!
O Almodôvar é a equipa que melhor futebol pratica na 1ª divisão distrital?
É uma equipa que tenta praticar o melhor futebol e já nos elogiaram. Também sabemos que temos qualidade e o facto de irem seis jogadores à selecção distrital atesta a qualidade que temos. Agora é continuar a trabalhar e treinar… Quanto mais treinarmos, melhor e bem, mais perto estamos do sucesso. Quero também acrescentar que a Direcção tudo tem feito para nos apoiar e dar aos jogadores e à minha equipa técnica todas as condições em todos os momentos. Isso é importante.
Teme que a partir de agora haja mais pressão sobre a equipa, tanto no próprio plantel como na forma como o Almodôvar começará a ser encarado pelos adversários?
Temos de saber viver com isso e não vamos embandeirar em arco de maneira nenhuma. Vamos jogar o jogo pelo jogo, domingo a domingo, tentando sempre ganhar. Se isso não acontecer, paciência…
Vamos ter campeonato até à última jornada, como nas épocas anteriores?
Penso que sim! Volto a dizer que as quatro equipas que estão neste momento à frente do campeonato são as que, parece-me, vão discutir o título até ao fim. Duvido que tenhamos um campeão em Março!
O futebol distrital está diferente? Mudou muito?
Mudou para melhor nos métodos de treino. Há 20 anos não se faziam coisas que se fazem hoje. Mas talvez faça falta mais equipas com qualidade. Devia haver mais competitividade… Mas cada vez está mais difícil arranjar jovens para jogar futebol. E é muito preocupante não haver distrital de juniores. As equipas vão ter de ir “beber” às camadas jovens e o futuro do nosso distrital é muito preocupante.
Que ambições tem como treinador?
Um dos meus grandes objectivos como treinador era treinar no nacional, o que já consegui [em 2013-2014 ao serviço do Almodôvar]. Ser de Almodôvar e treinar o clube da minha terra no nacional foi um grande orgulho. Obviamente que como treinador também queria ir um pouco mais além, mas a situação geográfica é complicada. Vivemos no Alentejo profundo e é muito difícil dar o salto. Não faço vida do futebol e tenho a minha profissão, mas obviamente que gostaria de mais qualquer coisa. Quem sabe um dia mais tarde poderei treinar outras equipas que não o Almodôvar!