A sueca Boliden AB quer transformar Neves-Corvo, no concelho de Castro Verde, numa “mina de classe mundial” e, após fechado o negócio de aquisição da Somincor com a Lundin Mining, continuar a minerar no local “por mais de 10 anos”, o período de vida útil da mina estimado até ao momento.
“Vamos trabalhar intensamente para que Neves-Corvo se torne numa mina de classe mundial em termos de produtividade e de segurança”, afirmou o presidente e CEO da Boliden AB, Mikael Staffas, em entrevista publicada no jornal diário “Negócios”.
Segundo este responsável, o negócio entre a multinacional sueca e a Lundin Mining, para a aquisição das minas de Neves-Corvo e de Zinkgruvan, avaliado em cerca de 1,52 mil milhões de euros, deve estar concluído em “cerca de seis meses” após o seu anúncio, em dezembro passado.
“Não esperamos atrasos, nem problemas, no processo”, diz Staffas, reconhecendo que a Boliden AB será “o próximo ‘dono natural’” de Neves-Corvo. “Sentimos que somos muito competentes tecnicamente para gerir a atual operação da mina e, com o tempo, melhorá-la significativamente”, reforçou.
A ambição, continua o presidente e CEO da empresa sueca, é minerar no concelho de Castro Verde “por mais de 10 anos”. “As reservas oficiais em Neves-Corvo são de mais de 10 anos. Isso é o que temos quase certeza que vamos minerar. Mas há também os recursos, sobre os quais não temos tantas certezas. E depois há ainda o potencial geológico da região onde a mina está instalada”, diz o gestor.
Ou seja, acrescenta, “a nossa ambição é continuar a minerar em Neves-Corvo por mais de 10 anos, mesmo que essa seja a idade oficial que resta à mina. Em termos de produção, esperamos manter os níveis atuais”.
“Vamos trabalhar intensamente para que Neves-Corvo se torne numa mina de classe mundial em termos de produtividade e de segurança”, afirma o presidente e CEO da Boliden AB, Mikael Staffas
O presidente da Boliden AB assume ainda que, “logo à partida, no primeiro dia”, nada vai mudar em Neves-Corvo. Mas a ambição dos futuros proprietários da Somincor é que esta venha a ser uma “mina de classe mundial”. “Se isso terá efeitos no número de trabalhadores logo veremos, mas para já nada muda”, adverte.
A segurança será outra das preocupações da Boliden AB, cujas minas na Suécia, Finlândia e República da Irlanda não registam acidentes fatais “há 17 anos”. “Já Neves-Corvo teve quatro mortes em quatro anos”, lamenta Mikael Staffas, garantindo que a empresa sueca está a investir “tempo para entender a cultura de segurança atual da mina e estudar eventuais problemas” para os poder melhorar.
“Para nós, existirem acidentes fatais nas nossas minas é inaceitável, mas acreditamos que em Portugal há uma boa base com a qual podemos trabalhar e melhorar. Mas é claro que para nós uma das missões desde o primeiro minuto será melhorar a cultura de segurança” em Neves-Corvo, acrescentou.
Na entrevista ao “Jornal de Negócios”, Mikael Staffas adiantou igualmente que, à imagem do que sucede nos outros países onde tem minas ou unidades industriais, a Boliden AB vai trabalhar “em proximidade com os sindicatos dos trabalhadores”.
“Em Portugal ainda temos de ver a melhor forma para o fazer, porque é um país novo onde vamos entrar. O mesmo acontece com as populações vizinhas”, conclui o gestor.