APC Odemira. 20 anos de sorrisos e orgulho

Foi há 20 anos que nasceu a Associação de Paralisia Cerebral de Odemira (APCO). Duas décadas de trabalho, dedicação, empenho e superação de muitos obstáculos, em que a instituição tem registado uma “evolução positiva” que deixa orgulhosos os seus responsáveis.

“Todos temos motivos para nos orgulharmos desta instituição” e “a avaliação do trabalho desenvolvido pela APCO é excelente”, resume ao “CA” a presidente da associação, Manuela Forte, para logo acrescentar: “O significado de celebrar 20 anos está presente em cada obstáculo ultrapassado, em cada nova competência adquirida, em cada projeto concretizado ou em cada sorriso num qualquer rosto”.

Segundo esta responsável, assinalar os 20 anos da APCO “é celebrar a evolução positiva” verificada nos “apoios prestados” e “na sensibilização para o tema da deficiência”, assim como na “criação de novas respostas”, caso do lar-residencial “Casa na Paisagem”, inaugurado em 2014.

Uma evolução registada igualmente “na promoção dos direitos das pessoas com deficiência/incapacidades, no aumento de visibilidade da instituição na comunidade, no aumento das parcerias estabelecidas com entidades e empresas, e no imenso trabalho que é realizado em contexto educativo e junto das famílias”, acrescenta.

Manuela Forte lembra que quando em 2001 um conjunto de pais se juntou ao Município de Odemira para criar o Sub-Núcleo de Odemira da Associação Nacional de Paralisia Cerebral, “ninguém imaginaria que, em apenas 20 anos, [a APCO] se iria transformar numa instituição” com a “dimensão e importância atual”.

“Na altura, foram abertas duas respostas sociais que abrangiam cerca de 30 clientes e a instituição possuía apenas 10 colaboradores. Hoje continuamos a ser a única instituição do concelho de Odemira a desenvolver uma atividade social no âmbito da deficiência, mas temos disponíveis cinco respostas sociais, contamos com 47 colaboradores e a nossa intervenção direta chega a cerca de 200 clientes, bem como às suas famílias”, na sua “grande maioria residentes do concelho de Odemira”, destaca.

A presidente da APCO sublinha que neste trajeto de duas décadas nada se construiu “sem espírito de equipa”, notando que “muitas foram as pessoas, seja na qualidade de funcionários, de elementos dos diferentes órgãos sociais ou de associados, que deram o seu contributo para a construção do nosso percurso”.  “Com todos eles e elas a APCO cresceu e tornou-se uma instituição mais forte e decidida”, reforça.

“O significado de celebrar 20 anos está presente em cada obstáculo ultrapassado, em cada nova competência adquirida, em cada projeto concretizado ou em cada sorriso num qualquer rosto.”

Manuela Forte | presidente da APCO

A realidade da APCO é hoje muito distinta daquela que era no seu início, em 2001. Ao Centro de Atividades Ocupacionais (CAO), agora denominado de Centro de Atividades e Capacitação para a Inclusão (CACI), e ao Serviço de Apoio Domiciliário juntaram-se, ao longo destes anos, respostas sociais como a Intervenção Precoce na Infância, o Centro de Recursos para a Inclusão e o lar-residencial “Casa na Paisagem”.

Um trabalho meritório e de excelência, mas também marcado por muitas dificuldades. Por exemplo, os últimos dois anos de pandemia foram “tempos muito conturbados” e dos quais a APCO terá “de recuperar a diversos níveis”, reconhece a presidente.

Segundo Manuela Forte, os diferentes confinamentos e também as restrições “impediram, e ainda impedem”, a associação de desenvolver a sua “atividade normal e regular”, o que tem “consequências” nos clientes e nos colaboradores.

“Por outro lado, estamos a sentir um sério constrangimento ao nível da disponibilidade de recursos humanos nas diferentes valências que necessitamos. Temos consciência que a estrutura financeira da instituição não nos permite praticar uma política salarial atrativa e isso dificulta em muito a chegada de novas pessoas e, muitas vezes, a manutenção de uma equipa estável e duradoura”, acrescenta.

A presidente da APCO diz ainda que a instituição “atravessa” igualmente “uma fase complicada”, causada “pela desadequação das condições físicas do espaço onde funciona o CACI e também a própria sede da instituição”, o que não permite “responder da forma” que gostaria “às necessidades sentidas”.

Situações que levam Manuela Forte a lamentar “a ausência de resposta de muitas entidades locais, regionais e nacionais para os problemas já identificados em áreas como a saúde mental, a reabilitação, o acesso a consultas de especialidade, o processo de inclusão nas escolas, entre outros”.

 “Estes são constrangimentos reais, externos à instituição, mas que condicionam a nossa capacidade de resposta e os resultados pretendidos com a nossa intervenção”, frisa.

A juntar a tudo isto, a presidente da APCO aponta a dificuldade “de encontrar a ‘fórmula mágica’ que permita, por um lado, responder a todas as exigências financeiras da instituição e, ao mesmo tempo, garantir a sua sustentabilidade financeira”.

“Esta constitui, a médio prazo, uma preocupação também ela muito real e determinante para a gestão da APCO”, diz Manuela Forte, para quem a gestão de uma instituição como esta “é um grande desafio, com momentos menos bons, mas, felizmente, também com momentos muito bons e gratificantes que nos enchem de orgulho e nos dão vontade de continuar”.

“Sabemos que do nosso trabalho dependem muitas pessoas e por isso não baixaremos os braços. Iremos sempre à procura de soluções para os novos problemas e para isso temos de contar com todos”, conclui.

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Correio Alentejo

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