A cumprir o seu primeiro mandato como presidente da Câmara de Aljustrel, Carlos Teles afiança que as prioridades passam “pela ação social, desenvolvimento económico, educação e cultura”, que se juntam “o ambiente e a resposta aos efeitos da Covid-19”.
Quais são as suas maiores prioridades para este mandato?
As nossas prioridades estão claramente definidas e passam pela ação social, desenvolvimento económico, educação e cultura. A estas juntámos dois novos objetivos de governação: o ambiente e a resposta aos efeitos da Covid-19. Queremos que o município continue a ser um catalisador dos equilíbrios entre as atividades que criam emprego e riqueza e o respeito pelos valores sociais e ambientais.O segundo objetivo tem a ver com a resposta aos efeitos da pandemia por Covid-19, sendo que este não é um dever apenas da autarquia, mas sim de toda a comunidade e do próprio Estado central. Teremos, igualmente, que contribuir para mitigar os efeitos que a guerra na Ucrânia começa a ter na nossa economia, já com repercussões relevantes na vida das famílias.
A economia do Município de Aljustrel assenta em vários pilares, mas sobretudo na atividade mineira e na agricultura. Indo por partes: Alqueva trouxe valor acrescentado à agricultura do concelho?
A água é, nos nossos dias, um bem estratégico e de importância vital. Com a ligação a Alqueva foi possível fazer a ampliação da superfície irrigável do concelho, permitindo o desenvolvimento da agricultura de regadio e o aparecimento de novas culturas agrícolas. Somos hoje um concelho de referência em termos agrícolas no país, gerando e distribuindo riqueza para o concelho, para a região e para o todo nacional. Assim, só posso reconhecer o trabalho dos empresários agrícolas e suas organizações, que tanto têm dado ao nosso concelho. Um trabalho com rostos e a marca de homens e mulheres que nunca deixaram de acreditar nas nossas terras e no nosso potencial.
O que tem faltado para haver agroindústria na região?
Já existe agroindústria na região e, também, no nosso concelho, que nós valorizamos e estimulamos, ainda que não tenha a expressão que gostaríamos que tivesse, nomeadamente ao nível da criação de emprego. Mas também não queremos a agroindústria a qualquer preço, porque sabemos os custos desse caminho, quando não é trilhado de forma ponderada. Estamos a trabalhar, em conjunto com os investidores, para incrementar este investimento, que se quer sustentável e respeitador dos valores sociais e ambientas.
Qual vai ser a mais-valia do Bloco de Rega de Messejana?
É um investimento muito importante, por várias razões. Primeiro, porque Messejana era a única freguesia do concelho sem cobertura de regadio. Depois, porque permitirá ligar a albufeira do Roxo à barragem do Monte da Rocha, o que é muito importante para os concelhos vizinhos que são abastecidos de água por esta última infraestrutura, inclusive para consumo humano. Finalmente, porque o Bloco de Rega de Messejana acrescenta mais 3.000 hectares de regadio no nosso concelho, que ficará assim com perto de 25.000 hectares servidos por água para fins agrícolas.
Aljustrel tem uma relação milenar com a atividade mineira. É um setor que sente estar hoje consolidado?
As minas estão na nossa essência. Há 5.000 anos que Aljustrel explora os recursos geológicos e nós valorizamos muito essa história e esse legado. Mas a atividade mineira associada a Aljustrel é sobretudo presente e futuro. As empresas mineiras são hoje as entidades empregadoras de maior dimensão na região, dando trabalho direto a 4.000 pessoas e indireto a muitas mais. Estas empresas contribuem determinantemente para a dinamização da economia regional, com uma produção destinada quase exclusivamente à exportação, dando assim, também, um contributo relevante para o equilíbrio da balança comercial nacional. Especificamente em Aljustrel a atividade mineira contribui fortemente para que, hoje, Aljustrel registe ganhos mensais per capita acima da média nacional e isso é um dado excecional num concelho do interior como o nosso.
Já defendeu publicamente que aposta na formação na área mineira deve ser uma prioridade. De que forma e para quê?
Sim, do ponto de vista da qualificação, em articulação com a consolidação do “cluster mineiro”, que urge assumir, parece-nos urgente desenvolver uma estratégia regional de qualificação de recursos humanos que responda às necessidades particulares do setor mineiro, seja ao nível da formação de mão-de-obra qualificada, seja ao nível da qualificação de quadros superiores.
O turismo é um setor por “explorar” no concelho?
Claro que sim. Temos muitas potencialidades turísticas no concelho de Aljustrel e pretendemos desenvolver esse sector, mas com critérios de qualidade e orientados para a atração de certos nichos de mercado como, por exemplo, o turismo industrial, o turismo de natureza, o enoturismo, o turismo náutico e o turismo cultural.
Projetos como o Parque Mineiro e os Trilhos Mineiros podem trazer mais turistas ao concelho?
O Parque Mineiro de Aljustrel, bem como o projeto dos Trilhos Mineiros, reúnem as condições para se tornarem em atrativos turísticos e oferecerem aos visitantes a oportunidade de conhecer um património diversificado relacionado com as minas e a sua rica história. O Parque Mineiro é um produto turístico diferenciador e com grandes mais-valias, entre as quais a possibilidade de visitar uma antiga galeria mineira, recuperada e musealizada para o efeito. O Centro de Receção e Acolhimento do novo Parque Mineiro de Aljustrel deve entrar em funcionamento em breve, após um investimento de 1,5 milhões de euros e será o “cérebro” do Parque, onde começam e acabam as visitas. Já o percurso “Aljustrel tem uma mina” é considerado o maior percurso mineiro urbano do país.
O concelho tem um número de camas turísticas suficientes ou reconhece que é preciso alargar a oferta?
Temos vindo a desenvolver contactos com investidores no sentido de fazer crescer o número de camas no concelho. Acreditamos que o incremento da oferta turística, com produtos como o Parque Mineiro e outros, irá contribuir para o surgimento natural desses investimentos, porque a oferta certamente precederá a procura que irá surgir e os investidores terão a capacidade de compreender o potencial turístico de Aljustrel.