A sustentabilidade ambiental associada à inovação “são uma aposta de futuro” e integram a “visão estratégica” da Empresa Municipal de Água e Saneamento (EMAS) de Beja. Uma garantia reiterada pela responsável pela Divisão de Sustentabilidade e Inovação (DSI) da empresa, onde a “satisfação das necessidades” dos clientes, a “sustentabilidade da organização” e a “sustentabilidade ambiental” são “pilares estratégicos de atuação”.
“Temos vindo a assumir um modo de atuação de proximidade num quadro de sustentabilidade económica, social e ambiental, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e para o desenvolvimento socioeconómico da região”, observa Carla Cavaco, para quem a EMAS de Beja “é uma referência no serviço público municipal por incorporar também, como missão, a transferência de conhecimento e saber, contribuindo para uma melhor utilização dos recursos naturais”.
“Com efeito, os 100 anos de história a contribuir para o desenvolvimento da região, assumem-se por si só, como um contributo valioso para a sociedade, assente num elevado grau de responsabilidade social e ambiental”, reforça Carla Cavaco.
É este legado assente num século de história e atividade que, continua a responsável pela DSI, faz da EMAS de Beja “uma empresa socialmente responsável, que valoriza o meio-ambiente, os seus colaboradores e os seus clientes”, o que é atestado pelos “vários reconhecimentos” que tem recebido.
“Estas distinções motivam-nos ainda mais a continuar a atuar de acordo com este conceito estratégico, que assenta na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia, substituindo o conceito de fim-de-vida da economia linear, por novos fluxos circulares num processo integrado, cujo objetivo é valorizar um recurso bastante escasso na região do Alentejo, de elevado valor acrescentado e que tem sido alvo de grande preocupação pela necessidade do seu uso racional e eficiente: a água”, advoga.
Carla Cavaco vai mais longe e diz mesmo que “é hoje fundamental a adoção de medidas destinadas à defesa dos recursos ambientais, onde os recursos hídricos não são exceção”. “A água, não só é um elemento vital à vida como também é um recurso impulsionador para o desenvolvimento. Neste sentido, educar as futuras gerações para as problemáticas ambientais, onde se insere o uso eficiente da água, assume-se como uma prioridade, sendo que a educação é primordial para mudar as mentalidades e as atitudes da sociedade”, defende.
Mudanças de paradigma
Porque o mundo de hoje vive em constante “mudança”, continua a responsável pela DSI da EMAS de Beja, “os desafios decisivos, atuais e futuros, que se colocam” a empresas como a EMAS “são cada vez mais numerosos e complexos”.
Isso obriga “a mudanças de paradigma cujo impacto, em muitos casos, ainda não conseguimos percecionar em toda a sua extensão, para os quais precisamos de estar preparados”, diz Carla Cavaco.
É neste enquadramento, em que se destacam questões como as alterações climáticas ou a economia circular, que a EMAS Beja, “dentro da sua responsabilidade empresarial, social e ambiental, assume um compromisso com as futuras gerações, contribuindo continuamente para a promoção da sustentabilidade dos recursos naturais”, afiança Carla Cavaco. Para tal, “teremos de acompanhar com uma adaptação permanente a esta rápida evolução, o que, sem grande margem para dúvidas, implicará inovar num quadro crescente de maior sustentabilidade”, reforça.
Na opinião de Carla Cavaco, a economia circular, “mais de que um modelo conceptual ou ferramenta operacional, permitirá incrementar a eficiência hídrica nos diferentes sectores”. Nesse sentido, continua, “é incontornável que a água deverá ocupar um papel central no quadro da ‘transição para a economia circular’, designadamente ao nível da otimização dos seus usos, da redução dos consumos e das perdas, do aproveitamento de águas pluviais, da reutilização de águas residuais tratadas para fins compatíveis e da valorização de lamas provenientes de estações de tratamento e de efluentes pecuários”.
“Requerem-se assim novas soluções, investindo na ciência, na inovação na atualização tecnológica e na modernização da gestão criando e partilhando novos conhecimentos. É por isso decisivo iniciar trabalho em novas áreas como a eficiência energética, as alterações climáticas, a economia circular, a investigação e desenvolvimento, a certificação, o reforço do controlo interno relativamente ao cumprimento legal e da monitorização dos indicadores de desempenho, entre muitas outras”, defende.
Novos desafios
Tendo na sustentabilidade ambiental e na inovação duas prioridades assumidas, a EMAS de Beja tem vários desafios pela frente. Desde logo, e já em fase de arranque, a implementação de um Sistema de Gestão da Saúde e Segurança de acordo com a versão da norma ISO 45001:2018 nos serviços da empresa.
A implementação deste sistema “permitirá ultrapassar a mera obrigação legal nesta área, indispensável à boa gestão empresarial, fomentar a produtividade e a qualidade (o que é uma vantagem competitiva), valorizar a imagem da empresa, criar um investimento no presente e para o futuro, vital e lucrativo, e um importante contributo para a responsabilidade social e para a sustentabilidade da empresa”, explica Carla Cavaco.
A par disto, a responsável pela DSI da EMAS de Beja revela que a empresa ambiciona “dar início a um projeto que pretende aglutinar e potenciar a sustentabilidade e a inovação”, denominado “Centro de Ciência da Água”, que se obtiver “os financiamentos adequados pode ter início em 2021”.
“O Centro de Ciência da Água de Beja é uma valência que pretende proporcionar conhecimento, estimular a criatividade e incentivar a investigação, promover uma cidadania participativa e inclusiva, sendo um polo promotor de referência e contribuindo para o desenvolvimento sustentável da região e do sector da água nacional”, explica Carla Cavaco.
Segundo esta responsável, este projeto “nasce da necessidade de transformar hábitos e comportamentos face às questões ambientais, em especial na promoção do uso eficiente da água e na defesa dos recursos hídricos, assumindo a existência de um novo paradigma: a economia circular”. Por isso mesmo, acrescenta, “torna-se fundamental, ter um espaço moderno e multifacetado, que dê resposta a diferentes atividades de sensibilização ambiental, adaptáveis a todos os públicos”.
Carla Cavaco adianta que com o Centro de Ciência da Água de Beja a EMAS pretende “mudar as mentalidades, as atitudes e comportamentos da sociedade, impulsionar o desenvolvimento sustentável e contribuir para o orçamento familiar, pois mais informação gera uma gestão mais eficiente e consequente redução de custos”.
“Alavancar as oportunidades, apresentando soluções sustentáveis através da inovação e desenvolvimento e impulsionar a economia local, por se tratar de uma oferta inovadora para o território e criar novas oportunidades de emprego”, são outros dos impactos previstos pela EMAS de Beja com a criação do futuro Centro.
Texto publicado no suplemento "EMAS de BEJA: Uma empresa municipal, 100 anos de história", distribuído com a edição do "CA" de 12 de Junho