A Associação de Beneficiários da Obra de Rega de Odivelas (ABORO) exige que o necessário transvase de água da barragem do Alvito para a albufeira de Odivelas, no concelho de Ferreira do Alentejo, não acarrete mais custos para os seus agricultores.
Ao longo dos anos a ABORO nunca pagou pela água proveniente do Alvito, mas para 2012 a EDIA, que irá ter a concessão da barragem do Alvito, exige o pagamento de 4,2 cêntimos por cada metro cúbico de água transferido, valor que a associação rejeita pagar devido aos seus “direitos adquiridos”.
“Queremos aquilo que temos tido todos os anos, que é um direito adquirido. E a EDIA tem de ter em consideração que a barragem [do Alvito] foi construída para ser reservatório da albufeira de Odivelas. […] É essa reserva que reivindicamos com um custo baixo, considerando que não tem custos para a EDIA, já que não é água bombada do Alqueva, mas sim água das afluências naturais da barragem do Alvito, que são da bacia do Sado”, explica ao “CA” o presidente da direcção da ABORO.
Manuel Canilhas Reis admite que a associação (e por inerência os seus associados) contribua “com algum valor para alguns custos de manutenção e conservação da rede ou da barragem do Alvito, mas nunca” o valor de 4,2 cêntimos exigido pela empresa gestora do projecto Alqueva.
“Porque este é um valor que tem a ver com a bombagem [de água] do Alqueva para o Alvito. E como não é água do Alqueva mas sim dos afluentes naturais do Alvito, sem qualquer custo energético associado, não será necessário pagar esse valor”, justifica.
A situação já fez a direcção da ABORO reunir-se com a Direcção Geral de Agricultura e a administração da EDIA, mas ainda não foi possível chegar a um acordo.
“A EDIA está intransigente e acha que tem de cobrar o valor que está no decreto-lei do Conselho de Ministros”, diz Manuel Canilhas Reis, sem esconder que espera que a nova equipa directiva da empresa gestora do Alqueva, liderada por João Basto, “tenha em consideração todas estas questões e maior sensibilidade que a administração anterior”.
Beneficiando uma área total de 12.300 hectares onde predominam as culturas do olival, tomate, melão, milho e arroz, a albufeira de Odivelas tem actualmente disponíveis perto de 14 milhões de metros cúbicos de água para rega.
Em média, o regadio na zona necessita anualmente de 35 milhões de metros cúbicos de água, quantidade que deverá aumentar significativamente em 2012 devido à ameaça (cada vez mais real) de seca.
“Este ano as previsões são de que se consuma mais água, porque ainda nem parámos de regar. Continua-se a regar neste momento as arvenses e pastagens. Portanto, prevemos que iremos consumir muita água e precisamos da água do Alvito”, revela o presidente da ABORO, que antevê para 2012 um consumo a rondar “os 40 milhões de metros cúbicos de água” no Aproveitamento Hidroagrícola de Odivelas.
