João Paulo foi treinado por José Mourinho em Leiria, passou pelo Sporting, sagrou-se bi-campeão nacional no FC Porto e capitaneou o Vitória de Guimarães, mas agora está pronto para dar tudo por tudo pelo FC Castrense.
Em entrevista ao “CA”, o experiente atleta revela a ambição de ajudar os seus colegas e deixa uma garantia aos adeptos e sócios do emblema de Castro Verde: “ Prometer golos não prometo, porque pode não acontecer… Mas vou lutar pela equipa, com muita entrega”.
O que o fez aceitar o desafio de assinar pelo FC Castrense?
Sinceramente, já era para ter vindo no início da época, mas por uma pessoa que estava cá e já foi embora – não interessa falar nisso – não vim. Mas surgiu a oportunidade de vir agora, estou feliz, as pessoas receberam-me bem… Até não foi o primeiro ano em que estive para vir para cá, mas a oportunidade surgiu agora e estou feliz por estar aqui.
Como tem sido a adaptação?
Já conhecia muita gente, até porque a família da minha esposa é daqui da zona [Grandaços]. Isso torna a adaptação claramente maios fácil.
Que podem os sócios e adeptos do FC Castrense esperar de si?
[sorriso] Eu não prometo essas coisas, nem tenho idade para isso! Mas vou trabalhar dentro do possível para ajudar o FC Castrense a atingir os seus objectivos. Já estou parado há alguns meses, o que na minha idade não é fácil, por isso agora preciso de ganhar ritmo outra vez e de tempo para me pôr bem fisicamente. E o que os adeptos podem esperar é luta! Prometer golos não prometo, porque pode não acontecer… Mas vou lutar pela equipa, com muita entrega. Isso faz parte de mim desde que comecei a jogar futebol.
Dado o seu currículo, teme que a este nível caia sob os seus ombros a responsabilidade de “carregar” a equipa?
Não, não, não… [risos] O meu primeiro jogo na I Liga foi com 17 anos, por isso não é com 38 que vou sentir qualquer pressão. Isso não me preocupa nada mesmo, zero! Já estive no Marinhense no distrital e isso nunca me preocupou. Porque se sair com a consciência que dei tudo – mesmo que não faça um bom jogo ou que falhe um penálti – e chegue a casa cansado, “morto” como se diz na gíria, a saber que dei tudo, fico tranquilo. Isto fez parte da minha profissão durante muitos anos. Fui criticado, fui elogiado… Temos de saber lidar com isso.
Já tem alguma noção daquilo que vale a 1ª divisão distrital de Beja?
Não tenho noção nenhuma, pois cheguei há pouco tempo. Mas com o tempo, com aquilo que os meus colegas e o mister forem passando de informação, e com os jogos ficarei a saber. Agora temos um jogo importante [no domingo, 13, em Almodôvar] e aí já dará para começar a perceber alguma coisa deste campeonato.
O João Paulo é natural de Leiria, mas agora reside na zona de Ourique…
Sim, sim…
Em definitivo?
Não sei o dia de amanhã. Mas pelo menos esta época vou estar por cá, foi isso com que me comprometi com as pessoas. Depois para o ano se verá.
Quando lhe liguei para combinarmos esta entrevista ouvia-se som de gado, ovelhas… Também é agricultor?
[sorriso] O meu sogro tem uma empresa de gado e gosto de andar com ele, com o irmão dele e o seu filho. Gosto de andar com eles, é assim que me distraio no dia-a-dia. Não sou homem de estar em casa no sofá.
Aqui encontrou outra tranquilidade, comparativamente com Leiria, Guimarães, Porto, Lisboa…
Ah, não tem nada a ver! Mas sempre fui uma pessoa muito tranquila e, felizmente, a minha esposa é igual. Gostamos de paz e tranquilidade. Por isso, estando aqui no Alentejo estamos muito bem.
Foi treinado por Mourinho, jogou no Sporting, foi bi-campeão no FC Porto… Como define a sua carreira? É um homem orgulhoso?
Claro que sim! Tive a oportunidade de dizer, na última vez que fui à Sport Tv, que sinceramente nunca me considerei grande jogador em termos técnicos, mas sim naquilo que falei no início da conversa. E penso que foi isso que cativou os clubes a me quererem: a entrega e a paixão que meto por cada clube por onde passo, seja ele qual for.