Foi José Tomé dos Anjos quem, desafiado por António Pereira, se lançou na empreitada de construir um emissor artesanal. As emissões no sótão da sua casa não tardaram e a 25 de Janeiro de 1987 nasceu a Rádio Castrense, estação com sede em Castro Verde e que esta quarta-feira, 25, celebra três décadas no ar.
Trinta anos depois, José Tomé dos Anjos recorda, sobretudo, o empenhamento de todos na construção de um projecto colectivo. “Todas as pessoas envolvidas estavam altamente empenhadas. É isso que mais recordo e é isso também que me mantém agarrado à Rádio. Só que os tempos mudaram muito e as pessoas também”, diz com alguma nostalgia o fundador da Castrense, hoje com 64 anos, em declarações ao “CA”.
Para José Tomé dos Anjos – que preside à Assembleia Geral da Cortiçol, cooperativa proprietária da estação –, a grande mais-valia da Rádio Castrense foi a “unidade” que permitiu criar entre as comunidades de Castro Verde e dos concelhos em redor. Mas houve mais que isso – “Trouxe mais conhecimento, contribuiu para que no concelho de Castro Verde tivessem aparecido e crescido uma quantidade de individualidades que hoje têm alguma importância nos meios de comunicação social. Foi uma escola, pois essas pessoas nasceram todas na Rádio Castrense”, acrescenta.
Os tempos mudaram e o hoje o quadro da Rádio Castrense é bastante distinto daquele que tinha quando começou com as suas emissões regulares, já depois de ter sido legalizada, em 1989. “A situação é um bocado complicada”, reconhece José Tomé dos Anjos, que ainda assim acredita que a estação “continua a ter cabimento, assim as gerações mais novas o queiram”.
“A vanguarda das sociedades são as gerações novas. Se elas não estiveram nas coisas, estas mais tarde ou mais cedo vão passar por dificuldades ou acabar”, advoga.
O desafio para o futuro está identificado. Mas será que num tempo em que todo o tipo de informação e conteúdos está disponível nas televisões, na internet ou nas redes socias, continua a haver espaço para as rádios locais? “Claro que continuam a ter lugar”, responde de pronto José Tomé dos Anjos. “As rádios locais são importantes para chegar ao interior, para chegar às pessoas que normalmente não têm essas coisas… Ainda há muita gente a ouvir rádio, talvez não pelas notícias ou pela programação. Mas sobretudo pela música, pela distracção, pelo entretenimento. Portanto, as rádios locais continuam a ter o seu lugar”, conclui o “pai” da Rádio Castrense.
