“PSD tem que sair da Praça da República”

“PSD tem que sair

O empresário Gonçalo Valente, 38 anos, é o novo presidente da Distrital de Beja do PSD e em entrevista ao “CA” revela as prioridades dos sociais-democratas da região para os próximos dois anos. “Temos algumas prioridades, entre as quais reafirmar o PSD na região, recuperar a sua dignidade e o prestígio que já teve no passado”, adianta.

A sua vitória foi o triunfo da juventude sobre a história ou faz outra leitura do resultado das eleições de sábado?
A nossa vitória foi a vitória do trabalho, da dedicação, da humildade, do planeamento, da convergência, do espírito de entreajuda, do conhecimento do território, da vontade de mudar e da proximidade. Este projecto tem pessoas de todas as faixas etárias. Procurámos encontrar um equilíbrio entre juventude e experiência, pois consideramos que a irreverência da idade juntamente com a experiência de vida são a simbiose perfeita para dar corpo à nossa visão política para o distrito de Beja. Há “históricos” e há pessoas que querem fazer história. Nós integramo-nos, com muita humildade, nos segundos.

Rui Rio já lhe deu os parabéns pela eleição?
Logo na noite de sábado recebi várias chamadas da Comissão Política Nacional a felicitar-me. Senti que havia um contentamento geral pelo nosso resultado e um grande optimismo quanto ao futuro do PSD no distrito de Beja.

Dentro do que foi o seu manifesto eleitoral, qual a grande prioridade que traça para o mandato?
O partido está numa situação tão delicada que enumerar uma grande prioridade não me parece fazer muito sentido. Temos algumas prioridades, entre as quais reafirmar o PSD na região, recuperar a sua dignidade e o prestígio que já teve no passado. Reactivar a JSD parece-nos fundamental também, pois os jovens de hoje são os políticos de amanhã e se quisermos bons políticos temos de os formar e dar-lhes uma escola de valores, valores esses que estão cada vez mais ausentes do espectro político português. Temos que fazer mais, temos que fazer melhor.

Que pode o PSD fazer para ganhar outra influência eleitoral no distrito?
Tem que se aproximar das pessoas, tem que ir ao encontro das suas necessidades, tem que mostrar que é um deles, tem que se organizar internamente, tem que sair da Praça da República e ir para o terreno, tem que dinamizar as concelhias existentes e reactivar outras, tem que trazer a sociedade civil para o partido e dar-lhe responsabilidades, tem que fazer uma oposição construtiva, dizendo sempre como e o que faria. As pessoas estão muito desacreditadas da política, abrindo consequentemente um espaço. Nós temos que o ocupar e agarrar a oportunidade, mostrando que somos diferentes dos outros. Como? Sendo sérios, humildes, altruístas e mostrando uma grande vontade de fazer, de resolver e de concretizar.

Este ano há Legislativas e o PSD tem um deputado pela região: espera manter esta posição?
Manter o deputado pelo círculo de Beja é, efectivamente, o nosso grande objetivo nas Legislativas. É uma tarefa muito difícil na actual conjuntura, mas possível. O círculo de Beja sem um deputado eleito pelo PSD perde um forte poder de intervenção política, o que seria um retrocesso no trabalho que está a ser feito. O Baixo Alentejo tem de ter uma voz desprendida, elevada e conhecedora daquilo que são as preocupações dos baixo-alentejanos. O PSD tem que ser inequivocamente essa voz.

Nilza de Sena deve ser novamente a cabeça-de-lista por Beja nas Legislativas ou entende que a escolha deve recair sobre alguém do distrito? Vai falar com Rui Rio directamente sobre esta matéria?
Em primeiro lugar, a escolha do cabeça-de-lista em qualquer distrito compete ao presidente do partido e à Comissão Política Nacional. Nilza de Sena tem feito um bom trabalho nesta legislatura, tem sido uma voz muito presente e muito competente a defender as grandes preocupações da região na Assembleia da República e em diferentes palcos públicos. Contudo, creio que a escolha deveria recair sobre uma pessoa do distrito, pois na linha de proximidade que quero incutir creio que alguém do distrito poderá traduzir aos seus conterrâneos uma confiança ainda maior. A seu tempo esta matéria será com certeza discutida com Rui Rio.

Está disponível para ser você o cabeça-de-lista?
Qualquer militante do PSD no activo tem que estar disponível para aquilo que o partido julgue necessário. Enquanto presidente da Comissão Política Distrital tenho uma responsabilidade acrescida, logo, muito naturalmente não viraria as costas a esse desafio se fosse essa a vontade do presidente do partido. Quando for dada à Distrital a possibilidade de discutir este tema, e para que fique claro, a pessoa que indicaremos será sempre aquela melhor posicionada para ser eleita, pois as questões pessoais, enquanto eu estiver à frente da Distrital, nunca serão uma prioridade. Se quisermos ser diferentes dos outros, temos que nos comportar como tal.

Que estratégia conta montar para as Autárquicas 2021, numa altura em que a representação do PSD nas autarquias da região é quase residual?
Apesar das Autárquicas não se realizarem neste mandato, queremos iniciar o processo de aproximação das pessoas quanto antes. Queremos uma maior pró-actividade das concelhias, uma preparação mais cuidada que possa apontar com distância as pessoas melhor colocadas para eventual candidatura, promovendo a inclusão de independentes que nas suas localidades são referências e exemplos a seguir. Se houver um bom diagnóstico de terreno, se houver uma proximidade do partido às pessoas e uma resposta aos seus anseios e solicitações, podemos obter um resultado muito positivo em 2021. O nosso programa estará em curso até ao último dia de mandato e, por isso, estamos sempre disponíveis para ouvir e para incluir pessoas e ideias. É esta a nossa filosofia, é esta a nossa forma de caminhar.

Partilhar

Facebook
Twitter
WhatsApp
Correio Alentejo

Artigos Relacionados

Role para cima