O presidente do Conselho de Arbitragem de Beja não esconde a sua indignação e revolta por o árbitro bejense José Dinis Gorjão ter ficado fora do estágio para a elite.
Victor Madeira sente-se enganado pelo líder da arbitragem nacional, Vítor Pereira, num processo que já classificou como “maquiavélico”.
A história conta-se com facilidade: nos exames de acesso ao referido estágio, Dinis Gorjão estava a conseguir um desempenho brilhante. Numa dessas sessões, o seu telemóvel vibrou e o árbitro de Beja rapidamente rejeitou o telefonema. Mas não se livrou de uma forte chamada de atenção.
Na mesma sessão, o árbitro Rui Filipe Oliveira, do Porto, foi apanhado a copiar e não entregou o exame. No final da sessão, Dinis optou por entregar o exame e recebeu a garantia do examinador (António Montiel) que tudo estava bem.
Seguiram-se provas físicas em pista e o bejense conclui o máximo possível: 15 voltas completas. Já o árbitro do Porto não passou das… 10!
Dias depois, sabe-se que os dois árbitros foram igualmente penalizados e os seus exames anulados. Mas, curiosamente, acabaram por ser corrigidos. A polémica instalou-se e o presidente do Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol de Beja (AFB) não escondeu o seu forte protesto junto do líder da arbitragem nacional, Vítor Pereira. Este, numa visita pessoal a Beja, assumiu então que o problema seria superado.
Contudo, há cerca de um mês, o Conselho de Justiça da FPF tornou pública a sua decisão sobre o processo. Dinis Gorjão acabou afastado do estágio para a elite.
Curiosamente, sendo testemunha no processo, o árbitro da Associação de Futebol do Porto, Rui Filipe Oliveira acabou por beneficiar desta decisão pois, caso Dinis Gorjão tivesse sido ilibado, ele próprio ficaria afastado do estágio. Deste modo, o juiz portuense acabou por integrar o estágio!
Confrontado com este processo, o presidente do Conselho de Arbitragem da AFB não esconde a sua revolta e garante que já tomou medidas concretas para inverter a situação e repor “a verdade e a justiça” neste processo. Mesmo que admita que a AFB não tem o peso de outras associações, como a do Porto, por exemplo!
“Se o nosso objectivo for ter peso, então estamos a querer atingir os mesmos meios de que nos queixamos. Não queremos peso, queremos sim a verdade e a justiça. E isso, nenhum conselho de justiça, conselho de arbitragem ou mesmo a própria FPF nos retirará”, garante Victor Madeira ao “CA”.
Empenhado na clarificação deste processo, o líder dos árbitros baixo-alentejanos assume a sua mágoa com o comportamento do responsável nacional da arbitragem, Vítor Pereira. E também não esconde que o trabalho do antigo juiz internacional já teve melhores dias.
Nesse contexto, a reacção do conselho bejense tem sido “enérgica”.
Além da denúncia nacional do problema na comunicação nacional, Victor Madeira reuniu com o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, num encontro onde também participaram Vítor Pereira, o secretário-geral da federação e o presidente da AFB.
“Decidi desencadear todo este processo em nome de todas as pessoas que passaram pela arbitragem do distrito de Beja, que estão na arbitragem e nos que virão no futuro”, salienta.
Vítor Madeira revela também que “os árbitros têm dado todo o seu apoio a esta causa”. E muitos deles pedem-lhe “para não desistir”!
“Recebi imensos telefonemas a dar força para continuar, pequenas associações agradeceram-me a coragem de dizer o que muitos pensam mas têm alguma reserva em denunciar”, conta ao “CA”.
Victor Madeira admite que durante muito tempo o Conselho de Arbitragem de Beja não tenha “mostrado indignação com a força que se justifica para alterar esse trauma com que vivemos” no distrito. E a sua luta, garante, vai continuar!
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