O presidente da Assembleia Municipal de Elvas, Pedro Barrena (PS), lamenta a falta de entendimento para ser ultrapassada a crise política na maioria socialista que governa a Câmara, considerando que estão esgotadas todas as soluções.
"Lamento, porque julgava que ainda podíamos ter chegado a um entendimento, se todas as partes estivessem presentes. Não posso fazer mais nada", afirmou o autarca à Agência Lusa na sexta-feira, 25, no final de uma reunião daquele órgão autárquico.
A sessão extraordinária da Assembleia Municipal (AM) de Elvas, a qual não contou com a presença do presidente do Município, Nuno Mocinha (PS), e da vereadora socialista Vitória Branco, terminou, sem quórum, ao fim de mais de cinco horas de discussão.
Pedro Barrena disse ter marcado a reunião para que "as partes em conflito esclarecessem os membros da Assembleia Municipal, mas também a população" sobre a crise política existente no executivo socialista.
O autarca explica que, por volta das 17h00, depois de um intervalo para almoço, a reunião terminou por falta de quórum, já que alguns eleitos saíram durante a tarde devido à sua vida pessoal e profissional.
"Não chegámos a conclusões e não se conseguiu aquilo que eu queria que era um entendimento entre todas as partes", disse, defendendo que "todos os membros do executivo municipal deveriam ter estado presentes na reunião".
O presidente da AM de Elvas afirmou não ter "mais nenhuma solução" para resolver a crise na maioria socialista que governa o Município.
Em comunicado enviado à Lusa, o presidente da Câmara de Elvas, Nuno Mocinha, explicou que a sua ausência da reunião deveu-se ao facto de considerar que a convocatória "não cumpriu o prazo estipulado na lei".
Também em comunicado, a Federação Distrital de Portalegre do PS anunciou que os órgãos distritais do partido vão reunir, no mais curto espaço de tempo, para debater a situação na Câmara de Elvas.
"Importa avaliar a possibilidade da nulidade de deliberações que retirem poderes de actuação ao presidente da câmara, porque o seu poder advém da legitimidade democrática conferida pelos eleitores em eleições autárquicas, ou das deliberações de concelhias que retirem uma confiança política que foi dada apenas pelo secretário-geral do PS", pode ler-se no documento.
A crise política na maioria socialista que governa a Câmara de Elvas foi tornada pública no dia 15 deste mês, quando o actual presidente retirou os pelouros ao vereador José Rondão Almeida (antigo presidente) e à vice-presidente da autarquia, Elsa Grilo, por considerar que "não tem a liberdade suficiente para exercer o cargo".
Na última reunião pública de Câmara, realizada na quarta-feira, 23, que também terminou sem quórum, o presidente do Município retirou os pelouros a mais dois vereadores do PS, por alegadamente terem contrariado as suas ordens, e apresentou uma declaração da vereadora Vitória Branco em que afirma que foi coagida a assinar a renúncia.
Isto aconteceu depois do antigo presidente socialista e agora vereador José Rondão Almeida ter mostrado, na mesma reunião, declarações de renúncia de cinco vereadores e de sete suplentes, eleitos pelo PS.
Na eventualidade de ocorrerem eleições intercalares, Rondão Almeida, também presidente da concelhia socialista de Elvas, já indicou que a actual vice-presidente do Município, Elsa Grilo, será a cabeça-de-lista do PS.
O executivo municipal de Elvas é composto por seis eleitos pelo PS (presidente e cinco vereadores) e um pelo CDS-PP.
