Em entrevista ao “CA”, o cabeça de lista do PS pelo círculo de Beja nas eleições Legislativas, Pedro do Carmo, diz acreditar que os socialistas podem voltar a eleger dois deputados no distrito, tecendo igualmente fortes críticas ao Governo da AD.
Porque razão devem os baixo-alentejanos votar PS nas eleições Legislativas de 18 de maio?
Para já, é preciso perceber que com o PS o Baixo Alentejo tem avançado e isso é demonstrado pelos factos. Todos os grandes projetos estruturantes se devem ao PS, desde o Alqueva ao investimento no aeroporto de Beja ou as próprias acessibilidades. E agora, mais tardiamente, todos os investimentos que estão em execução ou que irão ser executados são fruto do trabalho do PS. Dizer que estes projetos se devem a qualquer governo que esteve em gestão 10 meses é realmente não falar a verdade, é não ter seriedade na política, porque quem conhece como é que estes procedimentos funcionam e sabe como funciona a máquina do Estado, sabe que leva anos o tempo que medeia entre uma decisão política e a sua concretização. Por isso é que agora estamos a ver as obras no IP 8, com as variantes a Ferreira do Alentejo e a Beringel, a ligação do Roxo à Rocha, que traz a água da Alqueva para a barragem do Monte da Rocha, ou a construção de 500 novas camas numa residência para estudantes, que é a maior do país, que está quase em fase de conclusão em Beja. Tudo isto são projetos que nasceram de investimento dos governos do PS, por isso acho que os baixo-alentejanos deverão continuar a votar no PS. Não é com uma contínua contestação que efetivamente encontramos soluções.
Existem condições políticas para o PS reforçar a sua votação e voltar a eleger dois deputados no círculo de Beja?
Sim, porque como todos sabemos, em 2024, foi por uma “unha negra” que não elegemos o segundo deputado, que foi disputado entre a AD e o PS. Penso que, neste momento, a eleição do terceiro deputado estará em jogo com as outras forças políticas, por isso é necessário não desperdiçar votos e que quem quer efetivamente um governo de centro-esquerda, um governo do PS, não pode desperdiçar votos em pequenos partidos que, garantidamente, sabe que não conseguirão eleger. Por isso, a melhor forma de poder querer que estes partidos tenham uma voz ativa na governação do país é usar o seu voto como um arma, é usar o seu voto de forma útil e votar no PS para ter dois deputados. Isso pode fazer toda a diferença, quer no empenho na defesa do Baixo Alentejo, quer num governo de centro-esquerda.
Todos os grandes projetos estruturantes se devem ao PS, desde o Alqueva ao investimento no aeroporto de Beja ou as próprias acessibilidades.
Quais devem ser as prioridades do futuro Governo para o distrito?
A prioridade, naturalmente, é acelerar todos estes investimentos que estão a iniciar-se, quer seja a eletrificação da linha Beja-Casa Branca, não deixar para trás o ramal da ligação ao aeroporto, vitalizar a ligação de Beja-Funcheira, ter uma ligação à A26 em perfil de autoestrada, e melhorar significativamente o IP8 – até em perfil de autoestrada – na ligação à fronteira. Estes são os grandes projetos estruturantes! Depois há aqui um projeto todo ele para uma região, para fixar pessoas no território, com um apoio constante às questões agrícolas, ao setor mineiro, aos produtos regionais, que têm que ser muito valorizados. O país não pode crescer a duas velocidades e tem que haver um olhar diferente, diferenciador, para o interior. Temos que ter políticas de coesão mais ativas e mais firmes.
A par disso…
Quero ainda garantir aos baixo-alentejanos o meu total empenho de levar a legislatura até ao fim e continuar a servir a região. Dar ainda uma nota a que considero verdadeiramente importante: quero colocar na agenda política nacional a necessidade de termos uma lei eleitoral diferente. Não é possível o interior continuar a perder eleitores. Nesta eleição, com os últimos dados da Comissão Nacional de Eleições, ficámos a 800 eleitores de poder vir a perder a eleição do terceiro deputado. Isso seria trágico para a nossa região e temos que encontrar uma solução, como alterar o circuito eleitoral, através da fusão das comunidades intermunicipais, e os concelhos do Litoral Alentejano passarem a fazer parte deste circuito eleitoral. Temos que – todos juntos – pôr estas coisas em cima da mesa, porque se continuarmos a perder voz, se formos cada vez menos a reivindicar para a nossa região, as nossas dificuldades aumentarão significativamente. Esta é uma prioridade minha para esta legislatura e um compromisso que quero assumir.
Como avaliar a ação do governo cessante em relação ao distrito de Beja?
No distrito de Beja e no todo o nacional, a ação deste Governo só teve uma virtude, que foi não destruir, não parar, como fez no passado. Em situações semelhantes, sempre que a AD chegava ao governo parava todos os projetos que estavam em marcha. Agora, nesta legislatura, se teve alguma virtude, foi essa: não parou, como tinha feito quando Passos Coelho chegou ao governo. Desta vez não pararam, mas apenas deram continuidade a todos os projetos que estavam em marcha. Foi assim com a segunda fase do hospital de Beja, com a eletrificação da ferrovia, com as variantes que estão em construção em Ferreira do Alentejo, Beringel e Figueira de Cavaleiros, com a ligação do Roxo à Rocha, com o aumento do regadio… E porquê? Porque houve um governo do PS que, efetivamente, foi de contas certas, conseguiu deixar superavit e encontrou soluções. Foi a um governo do PS e a António Costa que se deve a criação do PRR, permitindo às autarquias continuarem a investir no Baixo Alentejo. Por isso, aquilo a que estes 10 meses de governação da AD se podem resumir foi, efetivamente, um continuar do que já estava previsto. Como diz o povo, “não estragaram, já ajudaram”!