Desde Setembro que oito pessoas participam na oficina de construção de viola campaniça em São Martinho das Amoreiras (Odemira), sob orientação do "mestre" Daniel Luz.
A iniciativa que decorre no âmbito do novo Centro de Valorização da Viola Campaniça e Cante de Improviso, que junta a Câmara de Odemira à Junta de São Martinho das Amoreiras, à Associação para o Desenvolvimento de Amoreiras-Gare (ADA) e à Casa do Povo de São Martinho das Amoreiras, e o objectivo é claro: manter viva uma arte que tem o seu "berço" nesta zona interior do concelho de Odemira.
"Acho bem existir este projecto. É mais uma tentativa de não deixar desaparecer a construção da viola campaniça e depois a sua utilização. É bom insistirmos e ensinar as pessoas", reconhece Daniel Luz, de óculos na mão à entrada da sala, onde todos trabalham com afinco. "Pelo menos estão entusiasmados! E eu vou para a cova com a minha consciência tranquila porque não guardei tudo, não escondi? Tudo o que sei estou a tentar ensinar".
"Tem sido muito interessante. Já tinha uma ideia como era, mas com o ‘mestre’ Daniel aprendemos sempre mais qualquer coisa. Ele é uma pessoa excepcional, é bom professor e gosta de ensinar aquilo que sabe", observa Joaquim Loução, 62 anos, montador de fibrocimento aposentado e um dos "aprendizes".
À frente de Joaquim Loução está Luís Cunha, 45 anos, que vai trabalhando na moldagem do braço da sua futura viola. "As aulas têm sido cinco estrelas, o mestre é uma maravilha! Mas é muito mais difícil do que pensava. É muito pormenor, tem de se ir ao milímetro", conta este trabalhador da Junta de Freguesia local, que se inscreveu na oficina "pelo gosto pelas tradições" e "para tentar manter uma tradição que em tempos esteve quase perdida".
No final, diz, quem ficará a sorrir são os filhos: é que a viola campaniça será para eles, pois tocar é arte que não domina. "Já tentei aprender a tocar e não consegui. [risos] Mas o meu filho e a minha já tocam e por isso a viola será para eles", afiança.
Mais habituado a trabalhar a madeira está Nuno Damásio, 42 anos, que todos os sábados de manhã se desloca de Santa Luzia (no concelho de Ourique) até São Martinho das Amoreiras para aprender a construir uma viola campaniça. "Tem sido muito bom, o senhor Daniel é um bom mestre e estou a aprender muito", nota, reconhecendo que ser carpinteiro de profissão lhe tem facilitado a vida.
A primeira viola campaniça de Nuno Damásio será para oferecer a um dos filhos. Mas planos para o futuro não faltam. "Depois vou fazer uma para mim e aprender a tocar. E futuramente, talvez possa construir umas [violas campaniças] para venda".
CONTACTOS
Correio Alentejo
geral@correioalentejo.com
Tel.: 286 328 417
Rua Campo de Ourique, 6 – A
7780-148 Castro Verde