Valorizar o território do concelho como “lugar de eleição” para o desenvolvimento de atividades profissionalizadas no sector cultural e criativo é uma das grandes metas do novo projeto cultural “O Museu Somos Todos”, lançado pela Câmara de Odemira no âmbito do Plano Municipal de Cultura “Odemira 2030”.
O projeto foi apresentado publicamente a 24 de setembro, em Odemira, e, segundo adianta a autarquia, “visa o incremento do nível de vida cultural pública” e “pretende contribuir ativamente para a criação de uma infraestrutura cultural que dê resposta aos imperativos do património e da vida cultural do concelho”.
O objetivo passa pela “valorização do território concelhio como um lugar de eleição para o desenvolvimento de atividades profissionalizadas no sector cultural e criativo que se possam refletir no valor acrescentado das atividades produtivas” e que “resultem num reconhecimento crescente de bem-estar e satisfação de vida das populações”, “contribuam de forma democrática e participada para a atratibilidade, desenvolvimento sustentável e resiliência ambiental do concelho de Odemira”, e “para a abertura ao mundo e ao futuro das suas novas gerações”.
“O grande objetivo é conseguir que, sobretudo a população mais jovem do concelho de Odemira, consiga encontrar um futuro no território onde viva que seja compatível com as condições bem difíceis – ambientais e outras – que vão encontrar na sua vida futura a curto-prazo”, resume ao “CA” o antropólogo Pedro Prista, coordenador do projeto.
O também investigador associado do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa acrescenta que a Cultura pode ser “a grande possibilidade para a saída da atual situação, no sentido de uma vida sustentável em termos de ambiente e de sociedade”.
Trabalho com os jovens
O projeto “O Museu Somos Todos” vai trabalhar, preferencialmente, com a população mais jovem do concelho de Odemira, de várias idades e “de todos os ciclos de ensino”.
“O nosso foco é a utilização do outro tempo não escolar destes jovens”, explica Pedro Prista, acrescentando que os participantes no projeto vão ser “voluntários”.
Nesse sentido, será criado um grupo inicial, “de 20 a 30 jovens voluntários”, que durante “um ano e meio” vão trabalhar com os responsáveis pelo projeto. “Vamos aprofundar o conhecimento integrado e transversal do território onde vivem e situá-los no mundo. Esse primeiro grupo de estudantes vai fazer investigação connosco” e “vamos estar muito atentos às pessoas para onde eles nos levam”.
Pedro Prista diz ainda que este “não é um plano de festas”, mas sim “um plano de trabalho” que se vai prolongar até 2026. “Há três grandes ciclos de atividades, sobretudo de natureza científica, educativa e artística, que irão decorrer até 2026 em Odemira. E esses três grandes ciclos de atividade vão reforçar a ligação de conhecimento e de implicação desta população jovem aos recursos do seu próprio território”, afiança.
Para o antropólogo, a “coisa mais importante” deste projeto vai ser “restaurar a ligação da vida desta população ao seu próprio território”. “Vai ser muito importante restaurar-lhes a ligação ao seu próprio território, revalorizando a totalidade daquilo que faz parte do seu mundo de proximidade e que ainda por cima dialoga com muito mais facilidade com os outros mundos que não são de proximidade”, sustenta.
De acordo com Pedro Prista, o projeto “O Museu Somos Todos” não está “a inventar a roda nem a fazer nada que não tenha já sido feito” noutros territórios.
“Estamos talvez a fazer de outra maneira, com base noutros pressupostos. E estamos muito empenhados que ali se possa fazer um exercício de transformação virado para a ação e para o futuro”, conclui.