O cabeça-de-lista da CDU em Beja, João Ramos, confia num bom resultado nas legislativas e diz que só a CDU apresenta propostas e soluções para os problemas do Alentejo.
“Em tantos anos de governos PS e PSD não conseguiram fazer o que era necessário, mas a CDU tem as propostas e as soluções”, acusa João Ramos em entrevista ao “CA”.
Apresenta-se como o deputado eleito por Beja “que mais trabalhou” pelo distrito na última legislatura. Acha que os eleitores vão reconhecer isso nas urnas no dia 4 de Outubro?
Não somos nós que dizemos é a informação disponibilizada pela Assembleia da República. Temos consciência de que horas infindáveis de discussão e comentários nas televisões em torno de apenas dois programas eleitorais, o da direita e o do PS, como se não houvesse mais propostas, são uma forma de condicionar o eleitorado. Mas o facto de termos cumprido aquilo a que nos comprometemos com os eleitores e o facto de termos propostas verdadeiramente alternativas leva-nos a encarar com confiança o próximo ato eleitoral.
Em 2011 a CDU perdeu mais de 4.000 votos face a 2009 – acredita que agora será possível inverter esse quadro e reforçar a votação?
A apreciação isolada dos resultados distritais deve ter em conta as características do círculo. Essa redução aconteceu, quando também o número de votantes de 2009 para 2011 reduziu cerca de 8.000. Por exemplo, também o PS perdeu cerca de 6.000 votos e um deputado. Na actual situação social e política – e face à forma como está a decorrer a campanha eleitoral da CDU – julgamos que é possível um reforço da CDU a nível nacional em votos e em deputados.
A CDU não elege dois deputados por Beja há muito. Acredita que pode ser agora?
Nos círculos com poucos deputados as contas são sempre muito mais complexas. A nossa confiança é no reforço e notamos que os nossos adversários estão incomodados com essa possibilidade. A nível distrital o PS, por exemplo, assumiu uma postura de fugir à discussão de propostas com a CDU ao focar a campanha apenas em quem elege o segundo deputado. Percebemos esse receio face à ausência de proposta para o distrito.
Quais devem ser as prioridades da região na próxima legislatura?
Conclusão de projectos estruturantes que se arrastam há anos. Melhorar a distribuição da riqueza através dos salários, das pensões e reformas. Fomentar a produção, primária e industrial, como forma de aumentar a produção, de criar emprego e de reverter o despovoamento. Combater o encerramento de serviços públicos. Em tantos anos de governos PS e PSD não conseguiram fazer o que era necessário, mas a CDU tem as propostas e as soluções.
Entre as 25 propostas do compromisso eleitoral para o Baixo Alentejo a CDU volta a falar de uma reforma agrária. Isso ainda faz sentido?
Dizemos mais que isso: racionalização da terra a norte e centro e profunda alteração fundiária a sul. Para a CDU a agricultura deve ter como objectivos o abastecimento das populações, o favorecimento dos níveis de auto-abastecimento e o equilíbrio alimentar, a promoção do emprego e a melhoria dos rendimentos e a fixação de pessoas no território. As políticas agrícolas e a estruturação fundiária não têm permitido o cumprimento desses objectivos. Alqueva tem promovido o aumento da dimensão da propriedade, mas não encontra soluções para as áreas de agricultura familiar. O actual modelo leva a que 10,5% dos agricultores recebam 58% das ajudas. Em 2009, 846 agricultores da região receberam 52 milhões de euros, muitos deles sem obrigação de produzir. Poderá haver quem ache que está tudo bem assim. A CDU acha que não.
A CDU vai colocar a Regionalização na ordem do dia durante a próxima legislatura?
Vai! Já nesta legislatura fomos a única força política que apresentou a proposta de criação da região administrativa do Alentejo. E mais uma vez nos programas eleitorais o PCP propõe a “criação de Regiões Administrativas e a consequente extinção das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional”. Nem o PS nem o PSD/ CDS fazem referência nos seus programas eleitorais à Regionalização.