Escolha pessoal de Rui Rio, o jovem engenheiro agrónomo acredita que vai ser eleito para a Assembleia da República e tece duras críticas à governação do Partido Socialista.
Por que razão devem os baixo-alentejanos votar no PSD a 6 de Outubro?
Há dois motivos para esse voto. Em primeiro lugar, o Baixo Alentejo precisa de um representante, de alguém que conheça a fundo a realidade da região e que não esteja política ou pessoalmente comprometido que o impeça de reclamar em nosso nome! Tenho dito que os baixo-alentejanos não precisam de muita coisa para serem felizes, mas precisam de alguma atenção do Estado para se sentirem tão portugueses quanto os outros. Estamos a perder população e emprego, estamos sem infra-estruturas nem serviços do Estado, estamos condicionados na mobilidade e na saúde. Essa mensagem tem de chegar todos os dias a quem decide! Eu, como candidato do PSD, terei essa missão. E em segundo lugar, estou convencido de que o Alentejo perde força se os votos se concentrarem só em um ou dois partidos. Perdemos voz com isso. Para ganhar mais força política, o Baixo Alentejo precisa de PSD, PS e PCP no Parlamento. E cada deputado puxará pela região junto do seu partido!
Entra na política logo para ser candidato nas Legislativas. O que o motivou neste desafio?
Uma das dificuldades políticas do Baixo Alentejo é faltar uma cara que nos represente. Alguém com conhecimento de causa, que exija e insista. Alguém para quem o Parlamento não seja um cargo que se ocupa quando estamos a sair de outro. Ora, se eu acho que falta essa cara, essa voz, não podia recusar o convite de Rui Rio. É verdade que fui apanhado de surpresa e podia ter dito logo que não, mas nesse caso perderia toda a legitimidade para reclamar. No momento em que cada um de nós pode dar um passo corajoso, esse passo tem de ser dado.
Sente que há condições para o PSD manter um deputado eleito por Beja? E em caso de eleição, vai ocupar o seu lugar no Parlamento?
Sim, há condições para ser eleito. Se quem votou no PSD em 2015 voltar a votar, é quase certo de que serei eleito. Mas espero mais do que isso! Eu tenho ouvido as pessoas: estão cansadas e descrentes! Cansadas de serem esquecidas e descrentes nos políticos. Falo de pessoas que quando estão no distrito aparecem a falar de “peito feito”, mas quando estão em Lisboa calam-se e têm medo de desagradar os chefes políticos. Eu confirmo que cumprirei quatro anos de mandato. Nem todos podem dizer o mesmo!
Assume o desafio de combater “o abandono da região”. Nesse sentido, quais devem ser as prioridades do próximo Governo para a região nos próximos quatro anos?
A pergunta é muito complexa e não é fácil responder… Em 1950, 30% da população portuguesa vivia nos distritos do interior. Hoje essa proporção não vai além de 14%. Daqui a 15 ou 20 anos, 90% da população vai viver numa escassa fatia de 20 quilómetros a partir do mar. Quais são as consequências deste despovoamento? O envelhecimento da população do interior, a fraca utilização das infra-estruturas (que se degradam e não incentivam a vinda de mais infra-estruturas), o fraco dinamismo empresarial (que nos tira empregos), a vulnerabilidade dos solos e florestas (mais sujeitos a incêndios), e a desertificação de vastas zonas rurais. Com esta curta análise percebemos que é preciso fixar as pessoas no interior e isso faz-se com algumas políticas e investimentos. Falarei só de quatro temas. Na Saúde e Solidariedade, queremos a ampliação e modernização do hospital de Beja, trazer mais médicos para garantir cuidados para todos, alargar a rede de cuidados continuados e ter mais apoios às IPSS nos territórios de baixa densidade. Na Mobilidade achamos essencial electrificar a linha Beja-Casa Branca e Beja-Funcheira, para ligação mais rápida ao Algarve e Lisboa, assim como a conclusão da A26 e sua ligação a Beja, e pôr a funcionar o aeroporto de Beja, para fomentar o turismo e as exportações. Na fiscalidade e investimentos, queremos um regime fiscal especial para empresas do interior, para promover o emprego e fixar pessoas; incluir um pacote de apoio à região de Beja no Programa Nacional de Investimentos 2030; e manter ou trazer serviços do Estado para impedir o êxodo da população. Finalmente, na agricultura, achamos fundamental ampliar a área de regadio com a expansão do perímetro do Alqueva, a construção de pequenos regadios, para afirmar o projecto agrícola do Baixo Alentejo, e apoiar os agricultores que optem pelo sequeiro.
Que avaliação faz destes quatro anos de governação do PS?
Este foi um Governo que apostou tudo numa política muito grave: tentar comprar o voto dos portugueses dando dinheiro para o bolso. Para isso, teve de cortar nos serviços. Cortou na Saúde (e não há médicos), na Educação (e não há funcionários nas escolas), da Protecção Civil (e vejam o que acontece nos incêndios) e em todos os outros serviços do Estado. Estamos a assistir a um desinvestimento brutal. É verdade que o anterior Governo obrigou a sacrifícios terríveis – por causa da troika e da bancarrota que o PS nos trouxe –, mas há uma coisa de que nos podemos orgulhar: os serviços essenciais não entraram em falência no Governo anterior. Pelo contrário, o Governo anterior manteve tudo a funcionar! Com o “Governo Costa” os serviços essenciais na Saúde, na Educação, da segurança de pessoas e bens, falharam terrivelmente. Estou sempre a dizer isto: posso ter mais 10, 20 ou 100 euros no bolso, mas com isso não consigo pagar uma operação que demora seis meses. Com isso eu não consigo salvar uma casa que arde por causa da descoordenação na Protecção Civil… Ou seja, este é o Governo que dá com uma mão, mas tira com a outra. E aquilo que dá com uma mão são pequenas migalhas. Mas o que tira com a outra são serviços essenciais a que cada um não terá acesso com o pouco que ganhou com a primeira mão. Este é, por isso, o Governo mais mentiroso de sempre. Pior do que o Governo de Sócrates!