O grupo de trabalho criado pelo Governo para avaliar as possibilidades de desenvolvimento do aeroporto de Beja defende que o equipamento necessita de uma “mudança de paradigma” do seu modelo de negócio, assumindo-se como aeroporto industrial e continuar a fazer parte da rede da ANA – Aeroportos de Portugal, apesar da empresa ir entrar em processo de privatização.
No relatório entregue na última quinta-feira, 6, ao secretário de Estado das Obras Publicas e Comunicações, Sérgio Monteiro, o grupo de trabalho propõe a definição de uma “estratégia objectiva” de curto e médio prazo, assente, sobretudo, no conceito de “aeroporto indústria”, tanto aeronáutica ou de manutenção, assim como formação, agro-indústria e actividades em geral que necessitem de utilizar o aeroporto.
“É exactamente essa valência que pode desenvolver ao aeroporto de Beja numa estratégia de curto e médio prazo com mais consistência. Aliás, essa valência acaba por ser única em todos os aeroportos nacionais, porque nem Faro, nem Lisboa nem Porto têm a possibilidade de ter uma zona industrial anexa ao aeroporto. E só o facto dessa especificidade ser característica do aeroporto de Beja leva a que seja elevado para o primeiro patamar de uma estratégia”, vinca ao “CA” o líder do grupo de trabalho, João Paulo Ramôa <b><i>[ver entrevista em www.correioalentejo.com]</i></b>.
Para tal, o grupo de trabalho espera que a zona industrial junto ao aeroporto tenha “condições especiais e características discriminatórias positivas”, entre as quais diversas isenções e incentivos fiscais ou a criação de uma entidade financeira específica de capital de risco, de modo a complementar o investimento privado.
A dotação uma verba própria para quem se instalar no local ao abrigo do próximo Quadro Estratégico Comum (2014-2020), a alteração das condições de disponibilização dos terrenos, com condições especiais de instalação e custos mais reduzidos; e o aproveitamento das diversas potencialidades da existência de uma zona industrial “do lado ar” são outros dos requisitos considerados essenciais para a futura zona industrial.
Na estratégia de curto e médio prazo defendida pelo grupo de trabalho o transporte de passageiros e de carga também são considerados pilares prioritários, ainda que sejam colocados num “patamar posterior”.
Nesse sentido, argumenta o relatório, o transporte de passageiros deve visar o apoio ao aeroporto de Faro, ao turismo no Alentejo e à aviação executiva/ <i>premium</i>, enquanto que a área do transporte de carga/ logística deve, acima de tudo, servir a região e partilhar oportunidades com o sul e centro do país.
Entre as principais linhas estratégicas para o desenvolvimento do projecto surgem ainda o desenvolvimento de uma importante campanha de comunicação, o envolvimento das estruturas económicas e sociais da região na consolidação do projecto através de um Conselho Consultivo, e a consideração do aeroporto bejense de um “ponto de vista nacional integrador, atendendo à sua especificidade de ‘aeroporto indústria’ e de ‘aeroporto <i>premium</i>’ para Lisboa e para o sul do país”.
Para médio e longo prazo, o grupo de trabalho defende o desenvolvimento de um <i>cluster</i> aeronáutico nacional e a criação de um fundo regional de captação de rotas, no sentido de transformar a infra-estrutura bejense num aeroporto turístico de <i>inbound</i>.
