Chama-se Inês Vitoriano, nasceu em Castro Verde e reside há cerca de três anos em Salisbury (Inglaterra), trabalhando como investigadora na Public Health England (PHE).
A jovem de 34 anos tem formação em Bioquímica e está envolvida na área do desenvolvimento de novas vacinas contra a tuberculose, tendo sido distinguida pelo Governo inglês com uma medalha especial que reconhece o serviço em África de todos aqueles que estiveram envolvidos na resposta ao Ébola.
“Até ao momento sempre trabalhei em investigação mais fundamental e menos aplicada e, desta vez, ver o impacto que o meu trabalho teve na vida dos doentes foi muito gratificante”, conta Inês Vitoriano ao “CA”, adiantando que o Estado inglês para reconhecer esse trabalho, criou “pela primeira vez” uma medalha especificamente para valorizar o trabalho que foi feito durante uma crise humanitária.
Refira-se que, durante a epidemia de Ébola, o governo inglês abriu três laboratórios na Serra Leoa numa colaboração entre a PHE, o Serviço Nacional de Saúde, universidades, entre outras instituições.
Nesse contexto, a jovem investigadora de Castro Verde esteve um mês na Serra Leoa num desses laboratórios. E depois, passou mais um mês na Guiné Conacri. “Em ambos os casos estive num Centro de Tratamento a fazer o diagnóstico laboratorial do Ébola”, conta.
Com um desafio tão exigente, Inês Vitoriano não esconde a forte impressão positiva que lhe causaram as celebrações que eram feitas quando era dada alta aos doentes. E recorda que, na Serra Leoa, era feita “uma espécie de cerimónia” em as equipas de saúde (médicos, enfermeiros, pessoal de laboratório, equipa de desinfecção, etc) se juntavam à saída do Centro de Tratamento e com uma canção/dança diziam adeus aos doentes.
“Lembro-me particularmente de um caso em que foi dada alta a dois irmãos de 8 e 10 anos em simultâneo e foi muito emocional ver a alegria dos pais”, destaca Inês, assinalando ainda a relevância de “todo o espírito de equipa” entre os colegas. Um espírito criado “em longas horas de trabalho e em condições tão diferentes a que estamos habituados”.
