Depois de entrar na nova época com a conquista da Taça de Honra, o treinador do FC Castrense, Carlos Guerreiro, assume ao “CA” a ambição de conduzir a equipa ao título distrital da 1ª divisão, que foge ao clube desde a temporada 2016-2017.
O FC Castrense está a ter um início de época muito prometedor e já com um título conquistado, a Taça de Honra da 1ª divisão. É um arranque de deixar “água na boca”…
Sim, é verdade! A única situação a lamentar são, efetivamente, algumas lesões impeditivas para o resto da época, caso do Pedro Marciano, que não vai jogar mais este ano e que era um dos atletas com que contávamos para uma posição que no ano passado não tínhamos nenhum jogador de raiz. E agora em Aljustrel tivemos mais dois jogadores a sair com traumatismos, que provavelmente também vão ficar fora durante algum tempo. Mas voltando à questão, [este arranque] é fruto de um trabalho estruturado que vem desde há algum tempo. Nos últimos anos, o clube andou sempre a lutar por troféus e venceu quatro troféus em dois anos. O ano passado não vencemos nenhum troféu, mas discutimos o título até ao fim. Portanto, este tem de ser o ADN do FC Castrense sempre que está em provas distritais, respeitando toda gente mas olhando sempre para dentro e para aquilo que é o clube. Procuramos estar sempre nas decisões e conseguimo-lo com sucesso na Taça de Honra. Agora queremos, no resto das competições, estar bem posicionados para podermos lutar por elas.
O título distrital é uma ambição declarada do FC Castrense?
Dentro do balneário é um objetivo, tal como já era o ano passado. Da parte da direção, é algo que não nos exigiu, mas sempre criando as condições para que seja possível fazer melhor que o ano passado. E quando se fica a um ponto e a um golo [do título] nos últimos dois anos, naturalmente que fazer melhor terá de ser forçosamente ganhar. É isso que vamos tentar e que queremos, sabendo que há muito boas equipas neste campeonato. Mas não tenho qualquer problema em assumir que queremos, efetivamente, lutar até ao fim pelo título.
E o FC Castrense é indiscutivelmente um dos grandes candidatos. Quem poderão ser os seus “rivais” nesta corrida ao título?
Parece-me que o grande candidato terá de ser o Vasco da Gama da Vidigueira, pois desceu após dois anos de Campeonato de Portugal e mantém a sua base de jogadores que vieram desse escalão. É uma equipa que, nos últimos anos, sempre que esteve no campeonato distrital ou foi campeã ou ficou próximo. Por isso, aponto o Vasco da Gama como o principal candidato. Depois, naturalmente, surgem equipas como o FC Castrense, o Mineiro Aljustrelense – que nos veio buscar dois jogadores que queríamos manter e que recuperou agora o seu melhor marcador na última época [Omar] –, o Almodôvar – com o projeto que todos conhecemos, desvirtuando aquilo que têm sido os últimos anos do clube –, a equipa do Aldenovense também deve ser levada em conta, o Praia de Milfontes tem sido supercompetente nos últimos épocas… Portanto, antevejo um campeonato difícil, onde não irá acontecer o que aconteceu no ano passado, em que duas equipas “dispararam” na classificação e deixaram as outras a 15 pontos, como foi o caso do FC Castrense relativamente ao terceiro classificado. Penso que vai ser um campeonato mais equilibrado, onde teremos de lutar e batalhar muito todos os fins de semana para conquistarmos os três pontos.
Nesse sentido, que FC Castrense podem os sócios esperar?
Um FC Castrense humilde, que olha para dentro e tem sempre de saber o que fazer dentro do campo, independentemente do adversário com que jogar. E um FC Castrense que representa muita gente, pois o FC Castrense somos todos, como fez questão de dizer o presidente [Humberto Simão] no dia da apresentação. O FC Castrense tem excelentes representantes em diversas modalidades, atletas titulados, que queremos “transportar” connosco, porque sempre que consigamos elevar o nome do FC Castrense também estaremos a elevar o nome destes colegas.
Penso que vai ser um campeonato mais equilibrado, onde teremos de lutar e batalhar muito todos os fins de semana para conquistarmos os três pontos.
O plantel para esta época sofreu algumas mudanças, nomeadamente com a saída do João Paulo, mas também de outros atletas importantes. Foi uma “revolução” que sentiram necessidade de fazer para a equipa poder dar o necessário “passo em frente”?
Eram mudanças que não queríamos fazer! No caso do João Paulo, é um atleta insubstituível por tudo aquilo que representa. Já o ano passado teve algumas dificuldades e na segunda volta do campeonato já nem esteve presente. Mas foi o líder dos últimos anos, é uma figura carismática, uma pessoa que nos dá um “banho” de profissionalismo e de humildade diariamente em todas as atitudes que tem. Portanto, é praticamente impossível substituí-lo. Depois tivemos as saídas de dois titulares, o Nando e o Pedro Fialho [para o Mineiro Aljustrelense], com quem queríamos continuar. Acabou por ser não uma “revolução”, mas uma alteração quase por necessidade, porque perdemos esses jogadores que queríamos manter. Mas contamos muito com os que entraram, jogadores com muita fome de vencer. Queremos muito que, no final, possamos festejar todos juntos.
O Carlos tem muitos anos de experiência na 1ª divisão distrital. Como avalia a evolução do campeonato? Há hoje mais ou menos qualidade, mais ou menos competitividade?
A entrada no nosso campeonato de jogadores fora da região nem sempre é sinónimo de qualidade, mas acho que nos últimos tem sido. O jogador local, muitas vezes, queixa-se de falta de oportunidades, mas o que tenho assistido nos últimos anos é que, às vezes, aquilo que é o compromisso e a vontade de representar os melhores clubes não aparece e os atletas preferem estar em situações mais “confortáveis”, como jogar na 2ª divisão distrital, ao sábado, e não terem a exigência dos clubes de 1ª divisão, principalmente aqueles que querem ganhar. Se reparar, em quase todas as equipas [da 1ª divisão] temos metade do plantel composto por um número grande atletas de fora da nossa região, que vêm só para jogar futebol, com um compromisso ao treino diferente, sem os anos das namoradas e sem ir ver os jogos do Benfica… Isso para os treinadores acaba por ser importante! No FC Castrense não é assim, pois só temos três jogadores de fora, que trabalham na região e estão integrados. Mas vemos projetos como o Renascente de São Teotónio ou o Aldenovense, em que 70 a 80% do plantel são atletas de fora da região, que acho que vêm dar mais qualidade ao campeonato. A nível de treinadores, também se nota o aparecimento de novos valores e um crescimento grande da qualidade de jogo, principalmente da componente estratégica. Cada vez mais se vê, dentro de campo, que há trabalho feito pelos treinadores.