Na GNR do distrito de Beja faltam militares, muitos postos já deviam ter sido encerrados, há instalações degradadas e destacamentos a precisar de novas viaturas e mais meios.
O retrato (a tons quase negros) é feito pelo presidente da Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda (ASPIG), que se revela muito preocupado com a realidade da GNR em todo o Baixo Alentejo.
Em declarações ao “CA”, José Alho aponta como uma das maiores lacunas da Guarda na região a falta de militares.
“Em todos os postos temos falta de elementos”, assume o presidente da ASPIG, sem dúvidas em defender a necessidade de um reforço do actual efectivo entre “30 a 35%”.
“É que a GNR foi adquirindo muitos programas especiais [ao longo do tempo] e o quadro continua a ser a mesmo que há 20 ou 30 anos. Por isso é preciso um aumento de 30 a 35% do efectivo, para se conseguir dar alguma efectividade aos postos”, argumenta José Alho.
Os problemas da GNR no distrito de Beja não se ficam por aqui. José Alho dá o exemplo de alguns postos que só existem no papel, uma vez que não dispõem de elementos e meios para cumprir o seu papel.
“Se não têm efectivos, como é que conseguem dar segurança à população?”, questiona o líder da ASPIG, para logo acrescentar: “São postos que existem só no papel e que, em muitos casos, abrem às 9h00 e fecham às 17h00. Só têm um elemento e apenas não fecharam por uma questão política. Mais valia fecharem e dotar essas zonas de patrulhas 24 horas sobre 24 horas”.
Para melhor ilustrar as suas preocupações, o presidente da ASPIG dá exemplos concretos de postos sem condições para albergar militares ou onde não é possível garantir um bom serviço por parte da Guarda.
“Por exemplo, o Posto de Mértola não existe! Uma vila que é considerada património nacional tem o posto da GNR dentro das instalações do tribunal. No Pedrógão [Vidigueira] o posto está fechado, no Sobral da Adiça tem um ou dois elementos. O posto de Albernoa foi água abaixo e nunca mais abriu. Em Baleizão o posto abre às 9h00 e fecha às 17h00. E em Beringel só há três elementos”, diz.
Finalmente, há o problema das viaturas. Ou em muitos casos, da falta delas. É o que acontece, por exemplo, na vila de Odemira, denuncia José Alho.
“Não há viaturas para executar o serviço de patrulha às ocorrências, sendo, no entanto, escalados para o efeito, inclusive no horário 00h00-08h00 militares que constituem patrulhas apeadas”, alerta. “Porém, as patrulhas apeadas não têm permissão para permanecer no interior do quartel e no caso de terem conhecimento de qualquer ocorrência têm de recorrer às patrulhas às ocorrências auto de outros postos territoriais – São Teotónio ou de Vila Nova de Milfontes – a fim de estas as ‘recolherem’ em Odemira e transportá-las ao local da ocorrência”, acrescenta.
Em síntese, conclui o presidente da ASPIG, existem “dificuldades em praticamente todos os postos da GNR”.
“Mas a população continua lá [nas localidades] e cada vez mais idosa”, conclui com preocupação.
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