Escassez de água no rio Mira preocupa ambientalistas

Rio Mira - jusante Santa Clara (março 2023)

Os movimentos ambientalistas SOS Rio Mira e Juntos pelo Sudoeste (JPS) vieram a público alertar para “o estado ecológico” do rio Mira e para “a escassez de água para abastecer o concelho de Odemira”, criticando a utilização excessiva deste recurso por parte das empresas agrícolas.

Em comunicado, os dois movimentos sublinham que, “apesar das chuvas de outono, a bacia deste rio […] permanece frágil e a reserva de água da barragem Santa Clara não vai além dos 37% da sua capacidade, quando a média no passado seria 76% neste período do ano”.

Ainda assim, continuam, “os investidores da agricultura intensiva do Sudoeste continuam a solicitar água para regar e até uma mudança nas regras de distribuição, que beneficie quem produz mais e com maior rentabilidade, quando o abastecimento de água do maior concelho do país não só assenta num princípio de equidade, como pode estar severamente comprometido num futuro não muito longínquo”.

Na opinião dos dois movimentos, “o agronegócio refere-se poeticamente a uma ‘terra que dá alimentos’, mas esquece-se de dizer que a sua atividade é responsável pela plastificação de 40 quilómetros de costa”, em pleno Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, uma “violação da paisagem e do território” que “tem gerado inúmeras infrações à lei, em nome de produtos que nem sequer constituem bens alimentares de primeira necessidade”.

“De facto, não admira que a agricultura industrial represente agora mais de 60% da atividade económica local, pois tem aniquilado quase tudo à sua volta”, criticam o SOS Rio Mira e o JPS, acrescentando que este “negócio só floresce porque o Estado português tem sido omisso e não obriga este setor extrativista a submeter-se a um licenciamento como acontece com qualquer outra indústria, nem a adotar medidas de mitigação de danos ambientais e sociais, tal como manda a lei”.

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