Uma empresa de Portalegre exige ao Município uma indemnização de 250 mil euros por prejuízos causados por obras no edifício dos Paços do Concelho, mas a autarquia alega ter sugerido o "recurso à via judicial”.
Em comunicado enviado à Agência Lusa, a empresa Emivete, que se dedica à comercialização de produtos veterinários, considera que foi “gravemente prejudicada” durante as obras de requalificação e adaptação do antigo Colégio de São Sebastião a Paços do Concelho, desde 2004 e ao longo de três anos.
Fernando Seabra, um dos administradores da Emivete, recorda à Agência Lusa que a empresa teve de "suportar um autêntico calvário", durante um período de três anos.
Antes, explica, a empresa possuía na zona um armazém de apoio que teve de ser desocupado, com o arranque das obras no edifício municipal.
A empresa alega ter também sido lesada nos acessos a outros dois armazéns que detém nas traseiras do antigo Colégio de São Sebastião, actual edifício dos Paços do Concelho de Portalegre.
“As obras impediam o acesso das viaturas transportadoras, o que não permitia, muitas vezes, a recepção das mercadorias. Nós tivemos dias em que todos os acessos à empresa estavam condicionados”, lembra.
Fernando Seabra relata que, na altura, o então presidente da Câmara de Portalegre, Mata Cáceres, “prometeu ressarcir a empresa" e solicitou um levantamento dos prejuízos causados, tendo sido posteriormente entregue um processo no Município.
Segundo o empresário, outras empresas e entidades afectadas pelas obras "já foram ressarcidas", sendo a Emivete a “única” que ainda não resolveu a questão, estando actualmente a avançar com o caso para tribunal.
Contactada pela Lusa, a Associação Comercial de Portalegre informa saber “apenas” do caso da Emivete, desconhecendo se outras empresas foram ou não indemnizadas.
Fernando Seabra diz ainda que já reuniu, "por diversas vezes", com a atual presidente da Câmara de Portalegre, Adelaide Teixeira, tendo sido reconhecido pelo Município que “havia direito à indemnização”.
Confrontada pela Lusa, a Câmara de Portalegre indica, em comunicado, que, no dia 2 de Dezembro de 2009, recebeu um ofício da empresa em que esta solicitava o pagamento de uma indemnização no valor de 250 mil euros em dinheiro e três lotes de terreno na zona industrial da cidade.
Embora admitindo que as obras pudessem ter causado prejuízos à empresa, o município explicou que “sempre foi dito” aos empresários que, para que pudesse ser encontrado um valor indemnizatório “justo”, necessário se tornava que tais prejuízos fossem “cabalmente demonstrados e o valor pedido fosse tornado líquido” de forma a poder fundamentar uma decisão por parte da Câmara.
“Até ao presente, nunca a sociedade em causa [Emivete] logrou demonstrar a existência de prejuízos de tão alto valor, que justificassem um “quantum” indemnizatório de 250 mil euros em dinheiro e três lotes de terreno na zona industrial”, lê-se no comunicado da autarquia.
Perante este cenário, segundo o município, “foi sempre sugerido” que a “melhor e a mais correcta e transparente via” para tornar liquido o valor dos prejuízos e da consequente indemnização “seria o recurso à via judicial”.
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