Os deputados do PS, PCP e PSD eleitos por Beja apresentaram na passada semana uma série de questões à ministra da Agricultura sobre o futuro do sector na região.
As questões dos eleitos baixo-alentejanos surgiram durante a discussão no Parlamento sobre as Grandes Opções do Plano e o Orçamento do Estado (OE) para 2014 no que à agricultura diz respeito, com o socialista Luís Pita Ameixa a frisar que ambos os documentos “são omissos quanto ao projecto Alqueva, apesar de o mesmo assumir uma importância estruturante para o desenvolvimento do Alentejo e do país”.
Nesse sentido, Ameixa colocou diversas questões a Assunção Cristas, nomeadamente sobre a incerteza acerca das fontes de financiamento para a conclusão das obras, a demissão de João Bastos da presidência da EDIA e a incerteza quanto à nomeação de um novo presidente da para a empresa.
“Em resposta, a ministra da Agricultura reafirmou a data de 2015 para conclusão da obra. Contudo não se mostrou em condições de especificar as fontes de financiamento para essa mesma conclusão da obra” e “quanto ao futuro do conselho de administração da EDIA ficou ainda a incógnita”, adianta Pita Ameixa em comunicado.
Já o comunista João Ramos confrontou Assunção Cristas sobre o modelo económico de Alqueva, defendendo que um eventual aumento da produção agrícola e das exportações “pode não significar uma vida melhor para todos”.
“O Governo teima em confundir o sucesso de alguns com o sucesso do país. No distrito de Beja são produzidos essencialmente azeite e vinho. Os maiores exportadores de azeite são duas grandes empresas, até há pouco tempo embaladoras e agora também produtores. No sector do vinho, de entre os 10 maiores exportares, a primeira cooperativa aparece em sétimo lugar”, afirmou João Ramos.
O deputado do PCP manifestou ainda a sua preocupação com as notícias sobre intervenções da Autoridade para as Condições de Trabalho e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras em explorações agrícolas da região, onde é detectado “trabalho ilegal, trabalhadores clandestinos, trabalhadores menores, na quase totalidade emigrantes, com grande intervenção de empresas de trabalho temporário e salário abaixo do legalmente exigido”.
“Enquanto isto o Alentejo tem uma taxa de desemprego de 16,1% e o distrito de Beja tinha em Maio cerca de 17.000 desempregados”, acrescentou João Ramos, lamentando que sobre estes problemas a ministra nada tenha dito.
Finalmente, o social-democrata Mário Simões interpelou Assunção Cristas sobre as medidas previstas no OE 2014 para a agricultura de sequeiro, lembrando que cerca de 80% por solo arável no Alentejo é de sequeiro.
“Para os agricultores que não têm o privilégio de ter água nas suas terras, que medidas para os que continuam a ter pecuária extensiva, seriais de sequeiro ou montado. No caso concreto do montado que medidas estão previstas para a sua prevenção e protecção, bem como em termos de investigação”, questionou.
Simões perguntou ainda à ministra sobre os constrangimentos existentes para os agricultores “que não podem cultivar as suas terras devido à protecção e preservação da abetarda” e sobre “que medidas vão ser tomadas em relação à caça, que é um recurso importante para se poder retirar retorno de um número elevado de hectares no Baixo Alentejo”.
