O ciclista Daniel Mestre, de 33 anos e natural de Almodôvar, venceu uma etapa, ganhou a camisola dos Pontos e foi uma das figuras da Volta a Portugal em bicicleta de 2019 ao serviço da equipa da W52/FC Porto. Em entrevista ao “CA”, o atleta almodovarense Daniel Mestre faz o balanço da época e revela uma das suas grandes metas: “Correr até aos 40 anos. Não sei se será possível, mas o meu objectivo será esse”.
Venceu uma etapa e andou nos lugares da frente até àquela queda na oitava etapa… Ainda sonhou com a vitória final da Volta a Portugal em bicicleta de 2019?
Não… Sendo um ciclista com características de sprinter, muito dificilmente um dia conseguirei ganhar a Volta a Portugal. Mas saí bastante contente, porque atingi os objectivos pessoais, que era vencer um etapa.
Conquistou também a Camisola Verde (dos pontos). Pode dizer-se que foi uma Volta a Portugal, em termos pessoais, para relembrar para sempre?
Como disse, atingi o meu objectivo pessoal, que era uma vitória em etapa. Depois, a conquista da Camisola Verde foi um bónus. E não fosse a queda [a Volta] teria corrido a 100%!
Sendo a Volta a Portugal o momento alto do calendário velocipédico nacional, que balanço já pode fazer da sua prestação na temporada de 2019?
Faço uma avaliação positiva. Obtive bons resultados e já tinha conseguido algumas vitórias em etapas… O facto de ter mudado para uma equipa nova também trouxe novidades e outra forma de trabalhar. Penso que, no geral, posso estar satisfeito com a época que fiz.
Como foi essa mudança da Efapel para a W52/ FC Porto, que é a principal equipa do pelotão nacional. Sente que chegou ao topo naquilo que é a sua carreira desportiva?
Sim, sim… Esta é, sem dúvida, a melhor equipa a nível nacional e quando estamos numa equipa destas são mais os corredores de bom nível que existem. Por isso, quero aproveitar esta oportunidade ao máximo.
Vai continuar na W52/ FC Porto em 2020 ou ainda vão negociar?
Isso ainda vai ser negociado, mas em princípio continuarei aqui [na W52/ FC Porto].
O Daniel Mestre tem 33 anos. Que metas ainda tem enquanto ciclista?
Só penso ano a ano, enquanto tiver força, motivação e equipa para continuar. Mas tenho uma meta que é correr até aos 40 anos. Não sei se será possível, mas o meu objectivo será esse.
Nasceu numa terra “devota” ao ciclismo, como é Almodôvar. Estando no momento em que está na carreira, e olhando para trás, tem valido a pena todo este esforço?
Sim tem, até porque ao longo dos anos tenho vindo a concretizar sonhos que tinha desde miúdo: ganhar na Volta a Portugal, ganhar várias etapas como profissional… Isso faz com que tenha valido a pena esta aposta, sobretudo por parte dos meus pais. Foram eles que acreditaram nas minhas capacidades e tem valido a pena.
O que é que o levou para o ciclismo?>
O meu pai é que conta muitas vezes essa história… [risos]
Que história é essa?
Ele tinha o sonho de ser ciclista, mas como no seu tempo os meus avós não tinham condições para comprar uma bicicleta não conseguiu prosseguir. Então ele sempre disse que quando tivesse um filho gostaria que ele seguisse esta modalidade. E eu, como sou o mais velho, fui o primeiro a iniciar-me no ciclismo. Depois comecei a ganhar o ‘bichinho’ pela modalidade e desde os 10 anos que sou ciclista…
Ou seja, está a cumprir o seu sonho, mas também o do seu pai.
Sim, acaba por ser um dois em um.
Almodôvar tem mantido uma forte ligação ao ciclismo, com equipas no activo, nomeadamente uma de sub-23. Como é que olha para o momento da modalidade na sua terra neste momento?
Penso que fazem uma boa aposta em ter formação, porque no Alentejo sempre houve ciclistas com capacidades. E está-se a ver com o desenvolvimento da Escola de Ciclismo (SCAV).
Acompanha os resultados das equipas de Almodôvar nas provas em que estas participam?
Sim, acompanho sempre que posso. Vou falando com o Filipe Quinta e com o Pedro Barão, que sempre nos perguntam sobre algumas dúvidas: E tanto eu como o Henrique [Casimiro] tentamos ajudar naquilo que podemos.