António Costa defende ser preciso travar a política do Governo de "retrocesso social" e de confrontação com os portugueses, as instituições e a Constituição da República.
"Os portugueses já disseram que é preciso travar esta política, parar com a lógica do retrocesso social, com a confrontação com os portugueses, as instituições e a Constituição, com a divisão de tudo e de todos", disse António Costa esta sexta-feira, 4, em Beja.
O também presidente da Câmara de Lisboa, discursava numa sessão com militantes e simpatizantes do PS, no âmbito da sua campanha para a liderança do partido, cujas eleições primárias estão marcadas para 28 de Setembro deste ano.
"É necessário devolver pacificação à sociedade portuguesa", defendeu António Costa, referindo que "pior ainda do que os sacrifícios que se vivem no presente é esses sacríficios serem sofridos sem haver qualquer perspectiva de futuro, qualquer sentido de esperança, de confiança no futuro".
Segundo o candidato, para "recuperar esse sentido de futuro", Portugal tem de "vencer" o "círculo vicioso de vistas curtas" em que "o Governo se bloqueou e tem vindo a bloquear o país".
"Temos que ser capazes de ver mais longe e, ver mais longe, tem que ser centrarmo-nos de uma por todas não simplesmente nos sintomas da crise, mas em atacar as causas profundas da crise, que temos vindo a atravessar", afirmou.
Portugal tem de "voltar a convergir com a União Europeia, mas, para o fazer, não é nesta estratégia de empobrecimento que o Governo quis prosseguir. Não é esmagando direitos, cortando salários, empobrecendo o colectivo da sociedade que vamos ser capazes de ser mais competitivos", alertou.
Segundo António Costa, Portugal tem de ter "capacidade de compromisso político, que é indispensável, capacidade de mobilizar a concertação social, que é essencial, e sobretudo a capacidade de mobilizar o conjunto dos agentes sociais em torno destes objectivos".
"Mas para conseguirmos romper a impossibilidade de compromissos, temos de ter um governo forte, que dê estabilidade, seja capaz de sustentar uma agenda de médio prazo, falar com todos e se dirija a todos", disse, referindo que "esse Governo, para existir, precisa de um PS forte".
Para a "resolução dos problemas estruturais que têm asfixiado" a capacidade de desenvolvimento de Portugal, António Costa defendeu uma "agenda para a década", que concentra "esforços" em quatro domínios, ou seja, reforço da coesão social, modernização do tecido empresarial e da administração pública, investimento na cultura, educação e ciência e valorização dos recursos do país, sobretudo a língua, o território e as pessoas.
No domínio das pessoas, António Costa defendeu como "prioridade o combate ao desemprego e a reocupação e a devolução à actividade de todos os milhares de desempregados que tem vindo a aumentar com toda a brutalidade social ao longo dos últimos três anos em Portugal".
No domínio da administração pública, António Costa considerou necessário "reforçar as competências das autarquias e criar, de uma vez por todas, uma instância regional que seja capaz de assumir os destinos de uma região e de pensar acima da escala do município", para Portugal "ter uma visão de conjunto essencial a podermos ter uma estratégia com impacto para o desenvolvimento".
