Câmara de Mértola critica reintrodução do lince-ibérico

Câmara de Mértola critica

A Câmara de Mértola critica o processo de reintrodução do lince-ibérico na natureza, considerando que este foi “mal preparado” e desconsiderou a população do concelho.
O casal de linces Jacarandá e Kathmandu foi libertado esta terça-feira, 16, no Parque Natural do Vale do Guadiana, no concelho de Mértola, num momento considerado “histórico” pelo ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, que anunciou a libertação de mais oito animais nos tempos próximos.
Contudo, o processo merece duras críticas por parte da Câmara de Mértola, que assume não ter participado directamente no mesmo por o considerar “apressado, mal preparado, incorrecto e até em desconsideração da população do concelho de Mértola”.
Em comunicado, a autarquia lamenta que o Ministério não se tenha preocupado em reunir na altura “com proprietários, gestores, caçadores, agricultores e populações, para ouvir as suas preocupações e a sua opinião”.
“Permanecem muitas questões por responder, que podem implicar directamente nas actividades que hoje se desenvolvem no território”, acrescenta a autarquia, considerando que “foi tudo gerido do ponto de vista estritamente político, apressado, escolhendo talvez a pior altura para a solta, depois da época de caça onde foram abatidos uma parte dos coelhos [bravos]”, que são a base da alimentação do lince-ibérico.
Tudo isto leva a autarquia a ter uma posição desfavorável “à reintrodução” do lince, à imagem do que sucede com “a esmagadora maioria dos caçadores, dos proprietários ou gestores, de os agricultores”, tendo o Ministério avançando com o processo apenas com a concordância “de alguns poucos proprietários, que no seu conjunto têm menos de 5.000 hectares não contíguos”.
“Não basta soltar o lince, para o processo ser responsável, têm de se criar condições para o manter, o que não aconteceu até aqui”, reforça o comunicado da Câmara de Mértola, lembrando ainda que o território escolhido “é cruzado por imensas estradas, que além de não permitirem ao animal o sossego exigido, são um perigo constante devido às fortes possibilidades de atropelamento”.

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Correio Alentejo

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