Têm sido bastante complicados os primeiros meses de mandato que Rui Faustino leva à frente da Junta de Freguesia de São João de Negrilhos, no concelho de Aljustrel.
Eleito pelo PS em Setembro de 2013, o jovem autarca garante ter “herdado” do anterior executivo CDU uma junta “completamente desorganizada em termos funcionais” e com “uma série de compromissos financeiros assumidos descontroladamente”.
“Fechámos o ano com um défice de quase 74 mil euros”, revela ao “CA” Rui Faustino, de 27 anos, adiantando que quando tomou posse “os descontos dos trabalhadores à ADSE e à Segurança Social dos meses anteriores não tinham sido entregues, os seguros dos trabalhadores em programas ocupacionais não estavam pagos e havia perto de 4.000 euros por pagar de gasóleo, entre outras situações”.
De acordo com o autarca, durante o último mandato, quando se encontravam na oposição, os eleitos do PS foram sempre chamando a atenção para a degradação da situação financeira da Junta de Freguesia.
“Tínhamos uma pequena noção da realidade, mas nunca pensámos ser tão grave”, sublinha Rui Faustino, admitindo que o seu executivo chega sempre ao fim do mês “sem um cêntimo disponível”.
“Mas temos feito um esforço para a Junta de Freguesia não parar e não perder actividade. Pelo contrário, reforçámos a sua actividade e a freguesia encontra-se mais limpa e com outra apresentação”, acrescenta.
Dívidas e mais dívidas
Grande parte das dívidas da Junta de Freguesia de São João de Negrilhos são a empresas locais.
“Essa é uma grande preocupação, pois estarmos a dever 600 euros a essas empresas é de uma gravidade tremenda, porque estamos a falar de empresas que contam os cêntimos todos os meses”, justifica Rui Faustino.
Mas há casos bem mais graves. “Por exemplo, estamos praticamente a entrar em litígio com uma empresa de construção, à qual devemos cerca de sete mil euros num total de pouco mais de 40 mil euros. Com a agravante desse dinheiro ter sido transferido na totalidade pela Câmara de Aljustrel e aplicado noutros sítios onde não devia”, adianta o autarca.
Outra situação que prejudicou as contas da Junta de Freguesia de São João de Negrilhos tem que ver com o loteamento do Monte Branco.
A venda de lotes arrancou durante o último mandato e estava previsto que a verba proveniente desse processo fosse utilizada na infra-estruturação dos talhões seguintes.
Tal não sucedeu, o que levou a Câmara de Aljustrel a ter de estabelecer um protocolo com a Junta para assumir a gestão do espaço e concluir esses trabalhos.
“Ou seja, a Câmara chamou a si mais uma série de despesas e a Junta de Freguesia perdeu uma série de receitas com que devia contar”, vinca Rui Faustino, lembrando que a verba de 35 mil euros já recebida pela Junta pela venda dos lotes também entra na lista de compromissos a pagar.
“O valor foi recebido e apesar do loteamento não ser da Junta tem de ser aplicado”, justifica.
A juntar a tudo isto, a Junta de Negrilhos teve ainda de devolver perto de três mil euros ao IEFP relativamente aos programas ocupacionais, apesar de no momento da transição o novo executivo ter sido informado que haveria quase 14 mil euros a receber do instituto.
“Isto revela bem a incapacidade e a desorganização que existia no executivo. O que se reflectiu neste afundar da Junta de Freguesia. Daí estar convencido que não vamos conseguir resolver esta situação financeira neste mandato. E é isso que temos transmitido aos fornecedores a quem estamos a dever”, conclui Rui Faustino.