O actual bispo das Forças Armadas, Dom Rui Valério, foi pároco em Castro Verde durante largos anos, localidade que visitou no final do passado mês de Julho. Em entrevista ao “CA”, o bispo lembrou os tempos passados no Campo Branco, mostrou-se satisfeito com o anúncio de obras na Basílica Real e garantiu que ainda hoje canta “a moda”.
Esteve em Castro Verde nas comemorações do 880º aniversário da Batalha de Ourique (25 de Julho). Como foi esse regresso a uma terra onde foi pároco tantos anos?
Regressar a uma terra que conhecemos tão bem, que também amamos e que trazemos no coração significa sempre uma alegria enorme e imensa, pois visitamos pessoas com quem partilhámos noutros tempos um caminho de fé e de vivência do Evangelho. Mas permitiu também reencontrar lugares, símbolos e momentos importantes na nossa história de Portugal… Diria que é [um regresso] com um misto de emoção, mas também com um misto de esperança.
Viu muitas caras conhecidas?
Sim, até porque não foi assim há tanto tempo que eu me fui embora. Onze anos foi já antes de ontem, não é assim tanto tempo, e depois temos a capacidade nestes tempos que correm de estar numa comunicação permanente, através dos novos meios, de maneira que realmente ainda não senti aquele peso da saudade e do distanciamento.
Olhando para a vila, nota muitas diferenças?
Não, até porque um dos patrimónios que o Alentejo tem é exactamente a capacidade de conservar a sua linha e o seu traço original. Vi-a realmente mais evoluída, com novas construções, mas isso faz parte do decorrer da própria história.
Também reviu a Basílica Real a precisar de obras…
Exactamente! Mas uma alegria que levo é exactamente a certeza de que ela irá entrar em obras de restauro, porque realmente é um monumento de excelência em Portugal. O melhor monumento que temos em Portugal em relação à batalha de Ourique é, realmente, a Basílica Real de Castro Verde.
Como encara as suas novas funções enquanto bispo das Forças Armadas?
Desde logo como enorme desafio. É uma diocese – a Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança – muito particular, porque não está condicionada pelas limitações territoriais, sendo uma diocese pessoal, ou seja, as mulheres e os homens que servem Portugal nas forças armadas e de segurança. Nunca senti receio, mas sim expectativa. E posso garantir-lhe que da minha parte existe o mesmo espírito de entrega que já usei aqui em Castro Verde e que agora estou a usar nas Forças Armadas, estando consciente que o futuro de Portugal passa exactamente pelas Forças Armadas. Não há futuro sem as Forças Armadas e de Segurança por aquilo que de civilizacional nos propõem e por aquilo que de construtivo nos oferecem.
Quando esteve em Castro Verde fez parte de um grupo coral. Hoje ainda canta “a moda”?
Claro que sim e volta e meia volto-a a cantar, quando a ocasião se proporciona. Até porque é qualquer coisa que fica na alma, independentemente de onde estejamos. Se está na alma, está permanentemente.