O cabeça de lista da CDU por Beja nas Legislativas, Bernardino Soares, assume em entrevista ao “CA” a ambição de ser eleito a 18 de maio, o que a coligação não conseguiu – pela primeira vez em democracia – há um ano.
Porque razão devem os baixo-alentejanos votar na CDU nas eleições Legislativas de 18 de maio?
A falta de um deputado eleito pela CDU pelo Baixo Alentejo foi amplamente sentida no último ano. Faltou quem colocasse na Assembleia da República os problemas da região, desde as infraestruturas à saúde ou aos problemas sociais, dando visibilidade ao Baixo Alentejo e às suas necessidades e exigindo uma política governativa capaz de lhes dar resposta. É preciso devolver ao Baixo Alentejo uma voz forte na Assembleia da República, que ponha fim à invisibilidade do distrito de Beja no Parlamento, o que só a CDU está em condições de fazer. A CDU é a força que dá o mais firme combate à extrema direita, no Baixo Alentejo e no país. A CDU faz falta ao Baixo Alentejo! Reforçar a CDU é igualmente abrir caminho para uma política que tenha como prioridade o aumento dos salários e das reformas, o investimento no SNS e noutros serviços públicos, e numa política de desenvolvimento que garanta o progresso do nosso país. É apoiar uma força política de gente séria e independente dos grupos económicos e dos interesses privados, que só defenderá o interesse público.
Existem condições políticas para a CDU voltar a eleger um deputado no Círculo de Beja?
Existem todas as condições para a eleição de um deputado da CDU. No distrito de Beja a CDU ficou a algumas centenas de votos de eleger um deputado há um ano. Aqui verificou-se que, tendo a direita e a extrema-direita uma minoria de votos no distrito, acabou por ter uma maioria de deputados, dois em três. A única forma de evitar que isso volte a acontecer é reforçar a votação na CDU, para conquistar pelo menos um dos deputados à direita e à extrema-direita. Os contactos com as populações por todo o distrito, cara a cara, os milhares de conversas realizadas, têm demonstrado que há um crescente entusiasmo e confiança com a candidatura da CDU e um apoio crescente e efetivo às nossas propostas.
Existem todas as condições para a eleição de um deputado da CDU. No distrito de Beja a CDU ficou a algumas centenas de votos de eleger um deputado há um ano.
Quais devem ser as prioridades do futuro Governo para o distrito?
O distrito precisa de inverter o declínio demográfico, económico e social e para isso precisa de um forte aumento no investimento público. Para isso é necessário mais emprego com melhores salários, combater a precariedade, em particular dos mais jovens e garantir aumentos de reformas dignos. O distrito de Beja tem enormes potencialidades. Precisa de continuar a desenvolver a agricultura de forma sustentável, diversificando as culturas e procurando fortalecer o setor agroalimentar de forma a garantir mais riqueza para a região. Tem de incluir uma criteriosa gestão dos solos e dos recursos hídricos incluindo o planeamento público estratégico do seu desenvolvimento. Precisamos de uma política governativa que aposte numa maior industrialização da região, com a fixação de novas atividades, para a qual é indispensável um forte investimento em infraestruturas públicas sucessivamente adiadas, designadamente nas acessibilidades. Sem a concretização de infraestruturas estruturantes o desenvolvimento será sempre mais difícil. O Baixo Alentejo precisa de serviços públicos de qualidade, essenciais para garantir os direitos da população, para a fixação e atração de mais gente e a melhoria da qualidade de vida. Sem boas escolas, creches, centros de saúde e hospitais públicos, uma política eficaz de habitação pública e o reforço da proteção social, em particular para os mais idosos, não há desenvolvimento. Aplicar uma parte significativa das receitas públicas geradas por Alqueva em investimentos na própria região é não só justo como indispensável ao desenvolvimento do distrito de Beja.
Em matéria de investimentos a realizar no distrito de Beja, quais deverão ser prioritários para a próxima legislatura?
As promessas agora feitas pelos responsáveis do PS e do PSD contrastam com o abandono a que há décadas têm votado o distrito de Beja. É essencial a construção do IP8 em perfil de autoestrada, sem portagens, até Vila Verde de Ficalho. É essencial a eletrificação da linha férrea até Casa Branca (agora finalmente em concurso, veremos se vai concretizar-se) e também a reativação e eletrificação da ligação até à Funcheira, garantindo um acesso reforçado a Lisboa, ao Algarve e a outras regiões. É essencial potenciar o Aeroporto de Beja, desvalorizado pela gestão privada da ANA e condicionado pela falta de ligações rodoviárias e ferroviárias de qualidade, que é preciso construir. O distrito precisa da efetiva construção do novo edifício do Hospital de Beja, seguida da remodelação do edifício antigo. Igualmente da reversão do Hospital de Serpa para o SNS e do investimento em centros de saúde, escolas e instalações das forças de segurança.
Como avalia a ação do governo cessante em relação ao distrito de Beja?
O Governo fez poucas obras e muita propaganda. Não avançou com nenhuma das infraestruturas essenciais que agora promete. Só há poucos dias publicou o despacho a autorizar a Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo a lançar concurso para o projeto do novo edifício do hospital. Se não houvesse eleições ainda estaríamos à espera. Mantém-se submisso aos interesses da ANA/Vinci e ao seu desprezo pelo Aeroporto de Beja. Não tomou qualquer iniciativa para atrair mais indústria para o distrito. Não investiu em centros de saúde, nem em escolas, nem noutros serviços públicos.