O Bloco de Esquerda (BE) acusa PS, PSD, CDS-PP, Iniciativa Liberal e Chega de serem “lobby agrário” e permitir que se continue a promover o “trabalho escravo” na região e a “expansão selvagem dos olivais e amendoais intensivos e super-intensivos”.
Em causa estão os projecto de Lei e de Resolução apresentados pelo BE no Parlamento, que propunham “a suspensão das plantações destas culturas até à sua regulamentação”, mas que acabaram por ser chumbados.
“O alinhamento do PS com a direita, não constituindo novidade, é mais grave porque o partido do Governo não apresentou alternativas nem permitiu que outras fossem discutidas na especialidade, em busca das melhores soluções para uma situação reconhecidamente caótica e insustentável”, sublinham os bloquistas em comunicado.
Segundo o BE, a campanha do último Inverno, “considerada histórica, fez acumular enormes stocks e a sua exportação está ameaçada pela queda do preço do azeite nos mercados internacionais”. “As tulhas e os lagares estão cheios, as fábricas de bagaço de azeitona rebentam pelas costuras e laboram com enormes danos para o ambiente e a saúde das populações: Fortes é caso mais gritante”, acrescentam.
O BE afirma ainda que, “para além de outros crimes ambientais e económicos, o lobby agrário promove o trabalho escravo associado ao modelo anti-social de sub-contratação de seres humanos pelo mais baixo preço, na mira do lucro máximo e imediato”. “A pandemia pôs à vista os riscos desta opção para a saúde pública”, acrescenta.
Para os bloquistas, “face ao bloqueio legislativo da maioria afecta ao lobby agrário, reforça-se o papel dos movimentos sociais que se erguem no Alentejo em defesa da qualidade de vida e da saúde pública”.
Nesse sentido, o BE “manifesta total solidariedade às populações e aos cidadãos indignados com a destruição dos solos, o corte de linhas de água e de caminhos municipais, o cerco das vilas, aldeias e escolas por culturas super-intensivas, as pulverizações com pesticidas que envenenam os poços, as ribeiras e a própria atmosfera”. “Não é por acaso que as doenças do foro respiratório têm crescido no Alentejo”, concluem.
