As candidaturas para novas adesões de agricultores ao Apoio Zonal de Castro Verde (nova denominação do plano zonal no quadro comunitário 2014-2020) estão suspensas.
Quem o revela é o vice-presidente da Associação de Agricultores do Campo Branco (AACB), reconhecendo que a situação prejudica a actividade agrícola nesta sub-região.
“Este ano está definido que não pode haver novas candidaturas”, adianta António Aires ao “CA”, sem esconder a sua preocupação.
“Esta é uma medida muito importante para a viabilização das explorações agrícolas e para cativar jovens agricultores. Sem este apoio, acho que se torna difícil continuar a actividade”, acrescenta o dirigente de 44 anos.
De acordo com este responsável, a suspensão das candidaturas acontece num momento em que o nível de adesão ao Apoio Zonal estava a aumentar (em 2015 houve 188 candidaturas, mais que as 162 de 2014) e depois de no último ano até se ter registado “um aumento no apoio [financeiro] por hectare”.
Tudo isto fazia com que muitos agricultores estivessem a preparar a sua adesão ao programa em 2016, mas com a suspensão das candidaturas podem estar impedidos de o fazer… até 2020!
“Há situações de pessoas que foram apanhadas na transição [do apoio], que podiam ter uma opção de mais dois anos e depois faziam o compromisso para mais cinco anos. E as pessoas não o fizeram, porque pensavam fazer nova candidatura e começar um novo compromisso este ano. Temos explorações que foram ‘apanhadas na curva’”, conta António Aires.
Para agravar a situação, acrescenta o vice-presidente da AACB, também os pagamentos dos compromissos assumidos pelo Apoio Zonal de Castro Verde em 2015 – que estavam previstos ser feitos até final do passado mês de Janeiro – estão atrasados.
Reunião com ministro
Mas não são apenas as candidaturas ao Apoio Zonal de Castro Verde que estão de momento suspensas.
Segundo o vice-presidente da AACB, também as ajudas à Produção Integrada, à Agricultura Biológica e ao Pastoreio Extensivo não estão a receber novas adesões, o que prejudica igualmente a agricultura no Campo Branco.
“Vivemos um momento de alguma incerteza”, resume António Aires, reforçando a ideia de que estes apoios “são fundamentais” para manter a agricultura na região, “principalmente no sequeiro tradicional extensivo”.
A situação é deveras preocupante e por isso mesmo a AACB já redigiu um memorando sobre estas questões, que deverá estar sob a mesa na reunião que a Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo vai realizar em breve, na cidade de Beja, com o novo ministro da Agricultura, Capoulas Santos.
“Esperamos que haja bom senso”, conclui António Aires.