Grande parte dos agricultores aderentes à Intervenção Territorial Integrada (ITI) de Castro Verde (antigo Plano Zonal) defende um reforço das medidas agro-ambientais.
A verba paga aos agricultores pela adesão à ITI varia de caso para caso, sendo que em média, segundo apurou o “CA”, as medidas agro-ambientais representam perto de 70 euros por hectare para uma propriedade com 250 hectares.
Um valor que não tem sofrido grandes aumentos nos últimos anos e que começa a ser cada vez mais a ser desvantajoso para quem tem de cumprir uma série de normas.
“Temos obrigações e restrições diferentes das outras zonas que não estão inseridas em plano zonal. E devia haver uma compensação que, pelo menos, acompanhasse [o valor pago pelos] projectos florestais, pois estamos muito aquém desses valores”, assinala António Lopes, agricultor de 51 anos, com cerca de 480 hectares de terra inseridos na ITI de Castro Verde, entre as freguesias de Casével e Entradas.
Opinião crítica tem também Carlos Sequeira, de 39 anos, proprietário dos quase 600 hectares que compõem a herdade de Santa Bárbara, na freguesia de Santa Bárbara de Padrões.
Para este agricultor, “os pagamentos não têm acompanhado o aumento do custo dos factores de produção” e é urgente uma revisão da situação.
A ITI de Castro Verde surgiu em 1995, então designada como Plano Zonal de Castro Verde, com o objectivo de compatibilizar a actividade agrícola no Campo Branco com a preservação de aves estepárias ameaçadas.
Segundo o presidente da Associação de Agricultores do Campo Branco (AACB), José da Luz Pereira, a ITI abrange actualmente perto de 85 mil hectares, sendo que cerca de 27% dessa área correspondem as explorações aderentes, num total de quase 22 mil hectares e 150 agricultores.
Homens que, diz o dirigente associativo, estão a prestar um serviço à comunidade e, por isso, “deviam ser devidamente recompensados”.
“E não o estão o ser! Dou como comparação a questão dos projectos florestais. Enquanto um agricultor faz floresta e é bem recompensado, ao lado um agricultor em plano zonal não pode fazer projectos florestais e tem ajudas mais reduzidas”, acrescenta José da Luz Pereira, que espera ver as ajudas das medidas agro-ambientais “revistas em alta” no âmbito das negociações da nova Política Agrícola Comum (PAC).
Ao lado dos agricultores estão… os ambientalistas.
“O plano zonal não tem sido justo no pagamento deste serviço que estamos a pedir que os agricultores façam. […] A ajuda que neste momento está a ser paga aos agricultores é a mesma que foi paga em 1998, ou seja, há 15 anos trás. Isto não pode ser justo, de forma alguma”, diz Rita Alcazar, da Liga para a Protecção da Natureza (LPN).
