Diz o ditado que a necessidade aguça o engenho. Foi isso que aconteceu com Guilherme Santos, que de um dia para o outro viu toda a actividade da sua empresa, ligada às artes gráficas, desaparecer devido à pandemia de Covid-19.
Com seis postos de trabalho para manter, este empresário de Aljustrel arregaçou mangas e desde a passada semana que a Rectângulo Vermelho está a produzir viseiras (assim como separadores para balcões de atendimento ou secretárias), tão necessárias para o dia-a-dia de profissionais de saúde ou colaboradores de lares de idosos.
“Foi uma decisão para salvar vidas e salvar empregos”, explica ao “CA” o empresário aljustrelense, depois de, “de um dia para o outro”, ter ficado sem serviço após vários investimentos realizados nas semanas anteriores. “Tudo o que eram eventos, tudo o que era investimento de lojas e tudo o que era para abrir acabou. Assim damos resposta a uma necessidade nacional e, ao mesmo tempo, é uma forma de colaborar e poder contribuir para que isto passe mais depressa”, acrescenta.
Para tal, a Rectângulo Vermelho criou um protótipo de viseira, que está a produzir em três tipos de material: PVC, PETG e policarbonato. “São viseiras para três tipos de utilizações”, explica Guilherme Santos, adiantando que a sua empresa tem capacidade para produzir até 1.000 unidades por dia.
A primeira encomenda de viseiras da Rectângulo Vermelho foi entregue à Câmara de Aljustrel, que as distribuiu pelas instituições sociais do concelho. A restante produção, explica Guilherme Santos, chegará ao mercado através do Grupo Biquímicos, também de Aljustrel, que assegurará a sua distribuição nacional.
Em Messejana há também uma associação a apostar na produção de viseiras. Trata-se da Buinho, que tem um fab lab naquela vila do concelho de Aljustrel e que desde há cerca de três semanas que está a produzir viseiras através das suas seis impressoras 3D.
“Numa primeira fase até queríamos enviar isto para a área da Grande Lisboa, mas lembrámo-nos de perguntar à Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA) se estava a necessitar. E quando nos responderam positivamente, percebemos que tínhamos de centrar os nossos esforços aqui”, explica Carlos Alcobia, presidente da associação, ao “CA”.
A primeira remessa de 100 viseiras, reutilizáveis, já foi entregue à ULSBA. “Mas também começámos a ter várias solicitações informais de pessoas que trabalham no Centro de Saúde de Castro Verde e no Hospital do Litoral Alentejano, todos a relatar que também estavam com dificuldades e se podíamos ajudar”, revela Carlos Alcobia.
Nesse sentido, continua, a Buinho está a trabalhar num protótipo de viseira que seja possível produzir em acrílico, através da técnica de corte de laser (utilizando os equipamentos existentes na associação e também nas câmaras de Aljustrel e de Beja), que é muito mais rápida em termos de produção. “Mas os stocks de acrílico estão a acabar, por isso precisamos mesmo de acelerar o processo”, observa Carlos Alcobia, apelando à oferta de acrílico opaco, de preferências de três milímetros.
O responsável pela Buinho frisa ainda que todo este esforço da associação é voluntário… e gratuito. “Tudo o que está a ser feito dentro do movimento maker e dos fab labs é de forma gratuita, é voluntariado. Só estamos a pedir ajuda para arranjar os materiais. Porque o nosso tempo e o nosso know-how está ao serviço de todos. Ninguém está a cobrar nada”, conclui.
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